20º.
DOMINGO APÓS PENTECOSTES
TEXTO:
LUCAS 17.1-10
TEMA:
A Boa Oração:
Senhor, aumenta-nos a fé!
Quando
os discípulos clamaram ao Senhor “aumenta-nos
a fé”, eles estavam reconhecendo
que somente assim poderiam agir como verdadeira igreja, preocupados
com a manutenção do Reino de Deus. Então eles oram para:
1.
Estar bem prevenidos contra as armadilhas mortais – os escândalos.
Armadilha
dos outros contra nós. Há um sinal de alerta no ar. Acautelai-vos,
pois “todos os espíritos do
anjo das trevas procuram a derrota dos filhos da luz”.
Assim se descreve o objetivo do diabo em relação ao mundo: enganar,
derrubar, atrapalhar, matar a fé dos filhos de Deus.
É assim que os filhos do mundo agem em todos os momentos, em
qualquer situação. Tudo é feito com o objetivo de dificultar a
nossa fé. Jesus disse: “Quem
não é por mim, é contra mim; quem comigo não ajunta, espalha”
(11.23).
O cristão é chamado a vigiar e a crescer em tudo naquele que é o
cabeça, Cristo, para que não seja enganado “pela
astúcia com que induzem ao erro”.
A
tentação e a sedução à apostasia são realizadas com muita
astúcia e sutileza. Assim, muitos são os que caem em pecado por
aceitarem passivamente os convites mundanos. Por trazer consigo a
natureza pecaminosa, até gostam quando um “amigo” os convida
para um futebol bem na hora do culto, ou para uma festinha, ou um
passeio “inadiável”, ou até mesmo para um trabalho extra. Isto
é como sentir prazer em tropeçar na armadilha, principalmente
quando a queda se dá na alma. Nem queremos condenar aqui quem faz as
armadilhas por parte do mundo (pois o mundo jaz do maligno) – como
que querendo nos justificar, culpando alguém por nosso pecado. Foi
assim que Adão agiu: “A
mulher que tu me deste...”.
É preciso que cada um olhe para dentro de
si e reconheça a sua pecaminosidade. Por ignorância ou conveniência
cometemos pecados que nos afastam de Deus e nos
colocam
no caminho da perdição. Ao reconhecermos este fato, e o
confessarmos, temos a promessa do Pai de que ele é fiel e justo para
perdoar todos os nossos pecados.
2.
Nossas armadilhas contra os outros.
Se
precisamos nos prevenir contra as armadilhas que os outros colocam em
nosso caminho, maior ainda deve ser o nosso cuidado para que nós
mesmos não sejamos escândalos para os “pequeninos”. Porque ai
do homem pelo qual o escândalo vem, diz a Palavra de Deus.
ESCÂNDALO
é fazer tropeçar, ofender e atrapalhar. Ele surge não só por
atitudes injustas e maldosas, mas também por falta de atitudes
positivas em favor do irmão; não apenas praticar o mal, levando-o a
pecar, mas também deixar de praticar aquilo que for necessário para
a sua salvação.
É
algo muito grave afastar alguém de Deus e levá-lo a pecar. Isso
seria destruir aquilo que Deus construiu, separar o que Deus ajuntou
– em última análise, é ser inimigo de Deus. Jesus condena
severamente esta atitude e diz que seria uma tremenda vantagem se,
antes que um homem arruinasse a vida de outro, fosse jogado ao mar
com uma grande pedra de moinho atada ao pescoço, pois do fundo do
mar ele não poderia sair e onde não haveria outro cristão a quem
pudesse atrapalhar. Tal pena deve ser considerada como a única que
está de acordo com o crime de destruir um dos filhos de Deus sem
experiência.
Quantos
são os que sempre estão prontos a conduzir um irmão ao erro!
Quantos são os que estão sempre dando motivo aos fracos e indefesos
na fé de se desviarem de Jesus pelo seu comportamento e pelo seu mau
testemunho de vida. Por exemplo, pais que se esquecem da
responsabilidade de levar os seus filhos a Cristo, que não se
importam se eles vão ou não à escola bíblica infantil, ao
catecismo ou até mesmo aos cultos. Alguns até dizem: “filho,
vai à igreja”,
mas se recusam a dizer: “filho,
vai à igreja COMIGO”,
pois não estão dispostos a algum sacrifício. Ainda dizem que,
quando os filhos forem grandes, saberão o que decidir e o que fazer.
Quando
semana após semana o filho presencia as discussões e as brigas dos
pais, que negam o perdão um ao outro e até descaradamente vivem no
pecado da desonestidade, infidelidade, na falta do domínio próprio
e tantos outros frutos da carne, então no domingo (dia do culto)
participam da Santa Ceia sem demonstrar nenhum sinal de
arrependimento e desejo de mudar de vida. Assim estão ensinando a
hipocrisia, estão atrapalhando, estão sendo tropeço. Jesus diz:
“Ai do homem pelo qual vem o
tropeço”.
Muitos
praticam uma liberdade ilimitada na vida cristã e, abusando dela,
fazem outros tropeçarem. Assim acontece, por exemplo, quando moças
cristãs ainda não aprenderam a diferença entre o lícito e o que
convém, usam trajes inadequados e se tornam uma forma de tentação
no caminho dos outros, sendo a causa de tropeços.
Jesus
diz: “Ai do homem pelo qual
o escândalo vem”. “Ai”
não é uma simples advertência, acusação ou exclamação, mas é
uma sentença, um veredito que se realizará inevitavelmente, a menos
que haja arrependimento e confissão.
Se
você deliberadamente tem sido motivo de tropeço para alguém, ou
tem atrapalhado alguém na sua fé, saiba que Deus está irado, pois
você colocou-se obstinadamente como inimigo dele. Mas se você se
arrepender e com o coração contrito buscar o perdão gratuito e
amoroso de Jesus, que fez tudo para salvar a todos, você obterá o
perdão e a reconciliação com Deus. Este Deus que “amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16),
perdoará os seus pecados. Ele quer que todos cheguem ao conhecimento
da verdade, creiam em Jesus e sejam salvos. Faça sempre a boa oração
dos discípulos: “AUMENTA-NOS
A FÉ – PARA ESTARMOS PREVENIDOS CONTRA AS ARMADILHAS MORTAIS, OS
ESCÂNDALOS”.
3.
Para ajudar-nos uns aos outros como irmãos.
Se
já temos o mundo tentando atrapalhar os discípulos de tal maneira
que pode destruir a nossa fé, devemos ajudar-nos uns aos outros como
irmãos. Jesus quer que não nos esqueçamos dos outros, mas nos
preocupemos para que os irmãos não caiam em pecado.
No
momento em que um irmão comete um pecado, aquele que o vê ou que
sabe deve ajudá-lo, mostrando-lhe a verdade e a possibilidade do
perdão; deve repreendê-lo com o único propósito de chamá-lo ao
arrependimento e a recuperação. Isto significa que não devemos
simplesmente apontar o dedo acusador, colocando-nos em um pedestal de
falsa santidade, como se disséssemos: eu
não sou um pecador como você e por isso sou melhor do que você.
Repreender sim, mas com o sincero desejo de não deixar o irmão
debaixo da condenação de Deus. No momento em que o irmão se
arrepender, Jesus ordena que ele deve ser perdoado.
Isto
parece simples demais? O ofensor não merece ao menos um
“castigozinho”? Jonas, o profeta, tinha este pensamento,
contrário à vontade de Deus, diante do arrependimento dos
ninivitas. No entanto, Deus lhe mostrou de que era misericordioso e
compassivo. O povo de Nínive foi perdoado. Por Deus ser assim
misericordioso é que cada um de nós ainda está na fé e tem o seu
perdão. Assim como somos perdoados por Deus devemos perdoar os
nossos irmãos.
Se
Deus oferece o perdão ao pecador arrependido, por que vamos nós
reter o perdão ao pecador arrependido e estabelecer penitências
para ele? Conforme Lutero, esta é a grande e bendita função do
sacerdócio real: libertar um
irmão do seu pecado ao levá-lo ao arrependimento e anunciar-lhe o
perdão de Deus, para alívio da sua consciência e uma vida de paz
com Deus.
Jesus
disse: “Se por sete vezes
vier ter contigo, dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe”.
Esta é a nossa nobre missão no mundo: anunciar
o perdão de Deus aos pecadores arrependidos e crentes na obra do
Senhor Jesus Cristo.
Diante
disso, é compreensível que os apóstolos tenham clamado por mais fé
e também por uma fé forte; clamemos por mais fé para podermos
fugir das armadilhas do pecado e para estarmos capacitados a ajudar
os outros a permanecer com o Senhor e serem salvos. Amém.
(Portas
Abertas 18 e Preciso Falar 25, pp.189-191)