18º
Domingo após Pentecostes
Lucas
16.1-15
Como
o Cristão deve Haver-se nas coisas do Reino de Deus!
Suplicamos
na 3ª petição do Pai nosso: “Venha o teu Reino”. Oramos
confiando que o Reino de Deus cresça nesta mundo. O que é que cada
membro da igreja deve fazer para que isto aconteça? Como o cristão
deve haver-se nas coisas no Reino de Deus? Deve deixar que elas se
expandam, como epidemia que vai se alastrando, ou deve ser fiel à
ordem de Cristo e empenhar-se na pregação do Evangelho? A resposta
só pode ser uma, obviamente: Deus colocou nas mãos do seu povo o
privilégio de cuidar bem do Evangelho. A primeira coisa, neste
sentido, é que os “filhos da luz...”
1
– Devem ser fieis na administração das suas riquezas. A – O
mesmo Deus que nos deu o Evangelho é o doador de todas as riquezas
que possuímos. Podemos dizer que ele é o homem rico da parábola,
pois confiou muitos bens e talentos aos seus administradores, os
cristãos. Veja também, por exemplo, Adão e Eva. Deus lhes deu a
vida e tudo. Como coroa da criação, deveriam cuidar de todas as
coisas criadas. Esta agradável responsabilidade era harmoniosa e
perfeita até a entrada do pecado no mundo. Por causa do pecado, o
ser humano se tornou falho na sua administração do mundo de Deus e
das riquezas que lhe concedeu tão bondosamente. Por causa disso:
B
– DEUS REQUER FIDELIDADE de cada um de seus filhos. O que
significa esta fidelidade? Que mostremos que somos fieis a Deus
quando, de modo pleno e integral, expressamos CULTO E ADORAÇÃO A
DEUS COMO SEUS FILHOS, pois toda a nossa vida é culto e adoração.
Significa que devemos usar responsavelmente as nossas riquezas para
cuidar: 1) da vida/saúde; 2) do bem estar pessoal e da família; 3)
da educação; 4) do vestuário; 5) do necessitado; 6) e por fim, mas
não por último, a favor do Reino de Deus. Em todo esse emaranhado
de atividades, Deus pede o primeiro lugar. Ele quer ser sempre o
primeiro e o único em nossas vidas. E mais: ele sempre pede as
“primícias”.
Jesus
disse: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito;
e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito” (v. 10).
Ora, você não pode ser fiel a Deus parcialmente, ou apenas uma
parte de sua vida. Você é um cristão a toda hora. A cada instante
você deve agir responsavelmente, seja para com a família, o
trabalho, o lazer, e em tudo o mais.
Jesus também diz que você deve ser fiel na aplicação de parte das
suas riquezas em favor do Reino de Deus. Estas riquezas (ofertas) que
vão para a igreja são para a causa do Evangelho. Resumindo, a
vontade de Deus é esta: que você seja fiel na administração de
todas as suas riquezas – riquezas que ele tão bondosamente
concedeu
a você, inclusive a riqueza do seu Evangelho. Nesta parte, ele
pede que você também seja fiel nas ofertas.
C
– ENCONTRAMOS, PORÉM, UMA SÉRIA DIFICULDADE EM NOSSAS VIDAS. Um
problema que é apontado claramente por Lucas. Na verdade, são duas
atitudes pecaminosas: 1º) A ATIVIDADE DO ADMINISTRADOR (V. 1).
Ele foi denunciado como quem estava a desfrutar os bens do homem
rico. Ele era um sujeito que estava roubando do seu patrão em suas
transações comerciais; 2º) A ATITUDE DOS FARISEUS, que
ridicularizaram a Jesus (vv. 14,15). Eles eram os ouvintes de fundo
desta parábola. Lucas nos diz que eles “eram avarentos”.
Desonestidade
e avareza: eis o quadro pecaminoso apresentado. Dois grandes
problemas que atingem o cristão e que o impedem de ser fiel na sua
administração. Muitas vezes somos tentados com avareza para darmos
atenção a algumas necessidades da vida e deixar outras de lado. Não
cuidamos em subdividir nossas tarefas e compromissos. Outras vezes,
um filho de Deus gasta demais em tantos cuidados da vida que se
esquece da sua contribuição para a igreja. Ele está sendo
desonesto e avarento. Ele está sendo fiel no pouco. (É duro afirmar
isto, mas é uma verdade latente no Evangelho).
Acreditamos
que há exceções: Há casos de necessidade em que um irmão na fé
precisa mesmo é da nossa ajuda, ao invés de lhe arrancarmos o pouco
que tem. Porém, a coisa se torna séria mesmo quando há frieza e
desinteresse em relação à igreja. Não interessam mais os cultos,
a Santa Ceia, o estudo bíblico, as ofertas e, sabe lá, não há
preocupação com as almas perdidas.
Esta
atitude de desonestidade e avareza é reprovada por Jesus. É pecado!
E, além do mais, impede o crescimento do Reino de Deus entre nós.
Portanto, diz Cristo: “Quem vos dará o que é vosso?” Em
outras palavras: se vocês são assim infiéis,, como é que podem
esperar receber a salvação eterna?
Se
a infidelidade no Reino de Deus é algo tão sério, que pode
levar-nos à condenação, precisamos reconhecer o nosso pecado e nos
arrepender. Precisamos mudar de atitude e nos apegar ao único que
nos pode perdoar: Cristo! Ele sempre foi fiel no pouco e no
muito. Por amor a nós, ele se dedicou fielmente à causa do Reino de
Deus. Ele sempre teve um propósito: fazer a vontade do Pai. Ele
foi obediente até a morte na cruz. Ele fez isso por você, porque
lhe ama e quer a sua salvação. Ele empenhou-se ao máximo. Ele, na
verdade, não quer as suas riquezas, mas a sua vida, o seu amor.
Jesus
também quer salvar outras pessoas. Por isso ele quer a sua
fidelidade! Você pode ser fiel porque Deus deu para você esta
capacidade. Ele lhe deu tudo nesta vida, especialmente a salvação.
Além da fidelidade, tem outra coisa que Jesus pede de nós aqui
neste texto:
2.
Que sejamos sábios e hábeis nas coisas do seu Reino.
A
– SOMOS ESTIMULADOS A AGIR CONFORME O ADMINISTRADOR INFIEL. O
quê? Como? Este conselho é surpreendente. Como entender?
Esta
parábola apresenta uma dificuldade na sua interpretação. O
problema está no elogio que é feito ao administrador (v. 8) que
claramente foi um sujeito desonesto.
Note
bem: não se está aprovando a atitude do administrador. Não se está
aprovando a sua desonestidade, mas a sua habilidade (vv. 4-7). Jesus
não está de acordo com seus atos desonestos, pois estes foram
condenados no v. 1, onde lemos que “foi denunciado como quem
estava a defraudar os bens do homem rico”.
Se
nós nos perguntarmos qual é a principal lição desta parábola, a
resposta é uma só: é a provisão, o preparo para o futuro.
Não nos moldes do mundo, mas do Evangelho, porque, conforme o v. 13,
“ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de
aborrecer-se de um e amar o outro. Não podeis servir a Deus e às
riquezas”. Neste sentido, Jesus pede fidelidade a Deus – em
tudo!
Jesus
conclui a parábola dizendo: “Porque os filhos do mundo são
mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”.
Somos concitados a imitar o mundo na prudência, sabedoria, empenho,
entusiasmo, ardor, fervor! Numa proporção muito maior, os filhos da
luz devem se aplicar nas coisas do Reino de Deus. Estamos sendo
hábeis em relação a isso?
B
– O MUNDO ASSUME A SUA CONDIÇÃO NAQUILO QUE FAZ. a) Olhamos
para os fariseus e os vemos acirrados em relação à própria
religiosidade (vv. 14,15). Infelizmente, rejeitaram o Messias numa
proporção condenatória. Além do mais, o seu modo de agir era
“abominação diante de Deus”.
b)
Olhamos para “os filhos do mundo” - para o modo como
trabalham e vendem seus produtos: filmes, novelas, revistas,
pornografia, etc. E conquistam o seu público, que gasta fortunas
consumindo estes produtos.
c)
Por outro lado, olhamos também para o trabalho dos cientistas e a
sua dedicação às pesquisas tecnológicas. Vemos o seu empenho para
descobrir novos caminhos que conduzam a um maior avanço científico
para o bem da humanidade.
Admiramos
estas pessoas e deveríamos imitá-las, não no que está errado em
relação a elas, mas a sua sabedoria e habilidade, o seu empenho.
C
– Você é um cristão. Um FILHO DA LUZ! Assuma quem você é! FAÇA
PROVISÃO PARA O FUTURO, PARA A ETERNIDADE! A recomendação de
Jesus é esta: “Das riquezas de origem iníqua fazei amigos,
para que quando estas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos
tabernáculos eternos” (v. 9). Embora este versículo não seja
o ponto climático da parábola, é aqui que encontramos a chave para
a sua compreensão. É no sentido deste versículo que o cristão
deve SER FIEL e
usar
toda a sua sabedoria.
“Riquezas
de origem iníqua”. O que vem a ser isso? São todas as
riquezas deste mundo. Cada coisa deste mundo está manchada pelo
pecado. Nesse sentido, todas as riquezas deste mundo são de origem
iníqua. Assim, a instrução de Jesus é no sentido de usarmos
sabiamente as nossas riquezas (inclusive: bens, dons, talentos,
habilidades). E como? Fazendo amigos para o Reino de Deus. Quer dizer
que nós, os cristãos, segundo Jesus, devemos usar as nossas
riquezas em favor da causa do Evangelho de uma forma tão sábia e
fervorosa quanto os filhos do mundo as usam para seus propósitos
materiais.
Nossa
verdadeira riqueza está no céu. Nosso propósito aqui na terra é
de trabalhar em favor da pregação do Evangelho e assim “fazermos
amigos”. Então, diz Jesus, quando o dinheiro (riquezas) nos
faltar, quer dizer, quando morrermos e o dinheiro não adiantar para
mais nada, então os amigos que ganhamos para Deus nos darão
boas-vindas no céu. O próprio Deus nos receberá com muita alegria.
Haverá provisão maior e mais sublime que esta?
D
– De que maneira você está aplicando as suas riquezas e os
talentos que Deus lhe deu? Precisamos nos dedicar às coisas
relacionadas ao seu Reino. Precisamos ser dedicados a ele. Somos
filhos da luz, do grande Pai. E mais do que isso: ele nos deu o
seu perdão e o seu amor. E ele nos capacita com muitas riquezas,
materiais e espirituais, riquezas de origem iníqua e riquezas
eternas em Jesus Cristo. Fomos todos chamados para servir. Não
importa se você sabe muito ou pouco, se tem muito ou pouco; não
importa a sua cultura: você deve servir. Todos nós temos uma tarefa
designada por Deus! Seja ela qual for, devemos nos dedicar a ela com
afinco.
Deus,
o doador de todas as riquezas, que que sejamos fieis na administração
de todas as coisas que ele nos deu neste mundo. “Trabalhai, não
pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a
qual o Filho do Homem vos dará” (Jó 6.21). Da mesma forma,
como os filhos do mundo são habilidosos no seu trabalho, muitas
vezes pecaminosos, sejamos ainda mais acirrados e fervorosos na causa
do Evangelho. Sabemos que, por fim, Deus nos dará o que é nosso.
Ele nos receberá com alegria nos tabernáculos eternos. Amém!
(Portas
Abertas 18 e Preciso Falar 25, pp. 182-185)
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