10º
Domingo após Pentecostes
Lucas
11.1-13
Oração
– uma expressão de fé!
Introdução.
É muito interessante notar como muitos membros de nossas igrejas tem
pouca noção de como orar. Tecnicamente sabem o que é orar, mas a
prática deixa-se muito a desejar. Por outro lado, não é uma grande
surpresa, pois os próprios discípulos de Jesus não tinham ideia de
como colocar em prática o conceito da comunicação com Deus.
A
verdade é que existem muitas maneiras de orar, e a oração que
Jesus ensina aos discípulos é um modelo, um exemplo do
relacionamento existente entre o ser humano e seu Criador. Outra
coisa importante que se deve notar é que muitas vezes chamamos o Pai
Nosso de “oração do Senhor”, quando ela deveria ser chamada de
“oração dos discípulos”. (A oração do Senhor Jesus está
registrada no Evangelho de João, no capítulo 17).
Também
é importante ressaltar que a verdadeira oração é sempre uma
expressão de fé e confiança naquele que nos ama e deu Jesus como
Salvador. Na carta aos Hebreus nos é dito que nós podemos chegar ao
“trono da graça de Deus” exatamente porque Jesus nos
abriu as portas. Escute este texto: “Por isso tenhamos confiança
e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali
receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que
precisarmos de ajuda” (Hb 4.16).
Como
Orar. Existem muitas formas de orar. Algumas pessoas oram em
forma de diálogo com Deus. Podemos fazer isto? Com certeza, pois
Deus nos dá a liberdade de chamá-lo de Pai. Mesmo que não seja um
texto bíblico, o conhecido hino “Em Jesus Amigo Temos”
nos diz que podemos chegar a Jesus em oração da mesma maneira como
falamos com um “velho e bom amigo”, com quem conversamos
em todas as oportunidades que temos, várias vezes por dia, como
conversamos com alguém via celular ou enviando uma mensagem de
texto. Fazemos isto quando acontece algo de bom, quando estamos
enfrentando dificuldades ou quando alguém outro está passando por
estas situações.
Outras
pessoas preferem orar de maneira formal, ou seja, usando orações
estruturadas e previamente escritas – como as orações da manhã e
da noite escritas por Martinho Lutero.
Já
outros preferem usar uma sequência, começando com Adoração,
Confissão de pecados, Ação de Graças e concluindo com uma súplica
em favor de outros e de si próprio. Este método nos ajuda a lembrar
sobre diversos tópicos em uma oração. Também podemos orar usando
cânticos e salmos.
Apesar
de toda liberdade que temos em termos de oração, os discípulos
pedem ajuda a Jesus. Ele recita para eles o Pai Nosso que todos
conhecemos e que é um maravilhoso esboço de como orar. Começamos a
oração que Jesus ensinou honrando a Deus e depois pedimos aquelas
coisas de que precisamos, como pão, perdão e libertação do mal.
Mas
a intenção de Jesus não é de que usemos somente esta oração,
apesar de ser um excelente lugar para começar. Podemos usar
diferentes métodos para nos comunicarmos com Deus, mas o mais
importante é a nossa atitude.
Um
menino de 11 anos encontrou um maço de cigarros e decidiu
experimentá-los. Ele foi ao campo do lado da sua casa e depois de
várias tentativas ele conseguiu acender um cigarro. Ele se engasgou
com a fumaça e ficou com um gosto horrível em sua boca. Foi neste
momento que ele viu o seu pai vindo em sua direção. O menino tentou
esconder o cigarro e desviar a atenção apontando para uma placa de
publicidade que anunciava a chegada de um circo. O menino disse:
“Pai, podemos ir ao circo hoje à noite? Por favor, podemos?”
O pai respondeu com voz firme: “Filho, nunca faça um pedido
quando você estiver escondendo uma flagrante desobediência”.
Com
que atitude você ora? Temos dúvidas? Somos vagos em nossas orações?
Ou oramos de maneira agressiva, tentando determinar a Deus o que ele
deve fazer? Ou será que existe um meio termo entre estes dois
extremos?
Por
um lado, não podemos ficar com medo de pedir a Deus aquilo que
precisamos, afinal, Jesus nos deu a liberdade de chamar a Deus de
Pai. Se as nossas orações não são feitas com confiança e
convicção, sem pedidos concretos, estaremos apenas dizendo palavras
sem muito sentido, mesmo que elas contenham muito louvor e gratidão.
Claro
que podemos dizer a Deus: “Deus, tu sabes o que é bom
para mim. Por esta razão quero deixar a decisão para ti”. Porém,
eu creio que é muito melhor que façamos pedidos específicos. Por
exemplo, quando estou com muito fome eu peço para que a minha esposa
prepare uma refeição. Eu não digo: “Hummm, eu preciso algo,
mas tu sabes o que preciso; então deixo em tuas mãos decidir o que
vais me dar”. Em vez disto, falo para ela com convicção:
“Estou com fome. Podes preparar uma janta para nós? Ah, eu
gosto muito de feijão, arroz, carne com molho e uma saladinha”. Eu
creio que Deus deseja que sejamos gentis, amorosos, mas ele também
quer que falemos claramente o que precisamos, pois isto demonstra fé!
Tiago diz: “Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum,
pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado
para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa
do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer”
(1.16-18).
E
quando há problemas… Deus sempre deseja o melhor para nós.
Mas como este mundo deixou de ser perfeito, problemas acontecem, e
eles não parecem e realmente não são positivos para a nossa vida.
Todavia, nós podemos ter a certeza de que Deus, em sua graça, pode
transformar estas circunstâncias negativas em algo positivo. O
apóstolo Paulo afirma isto em Romanos 8.28. Por esta razão é que
podemos orar e agradecer a Deus, mesmo pelas dificuldades, porque ele
as torna em bênçãos.
Claro,
quando alguém que você ama tem câncer, ou quando você perde o seu
emprego, ou quando há guerra, e quando violência e corrupção
predominam, é difícil entender os motivos. É nestas situações
que precisamos buscar a Deus em oração e pedir que ele interfira e
modifique estas circunstâncias.
Jesus
disse aos seus discípulos que, se tivessem fé suficiente quando
orassem, poderiam ordenar que uma montanha se atirasse ao mar e isto
iria acontecer. “Peçam e vocês receberão; procurem e
vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês”.
Foi isto que Jesus disse!
Também
é bom lembrar que precisamos deixar tudo, absolutamente tudo, nas
mãos poderosas e amorosas de Deus. E isto é outra demonstração de
fé! Mesmo quando a situação é muito dolorosa, extremamente
complicada, deixe Deus ser Deus. Mas um aviso: isto não é nada
fácil. Deus decide o que vai fazer, mesmo quando nossos planos
são diferentes dos dele.
Nós
não podemos dizer a Deus como e quando ele deve fazer as coisas
acontecerem. Todos nós fazemos isto por vezes. Confesso que tenho
esta tendência, mas preciso lembrar de que Deus não é meu
empregado, mas que é Senhor! Ele não está aí para satisfazer os
meus desejos e acatar as minhas “ordens”. Ele atende as orações,
mas sempre de acordo com o que de fato é melhor para nós, não
necessariamente de acordo com o que nós pensamos ser o melhor.
Seguindo
o exemplo de Abraão. Vamos visitar por alguns momentos o texto
do AT. Aqui encontramos Abraão. Ele nos ensina uma lição sobre a
oração: sermos persistentes com Deus. Parece que Abraão faz
o papel de advogado de defesa ao apresentar o seu caso diante de
Deus, o Juiz. Como Advogado, ele não abandona os seus “clientes”.
Ele argumenta, fazendo todo o possível para que Deus mude o seu
julgamento e não destrua as cidades de Sodoma e Gomorra.
A
história é conhecida. Deus toma conhecimento da imoralidade das
duas cidades e vai verificar a situação e chega à conclusão de
que a destruição é iminente. Ele tem este direito, mas Abraão
mantém a sua posição: “Será que vais destruir os bons
junto com os maus?” Ele pede que Deus imagine que existem 50
pessoas justas em Sodoma e Gomorra (o que não é um grande número
de pessoas). Ele diz: “Não é possível que mates os bons junto
com os maus, como se todos tivessem
cometido
os mesmos pecados”.
Abraão
sabiamente coloca a justiça de Deis diante da misericórdia de Deus.
Basicamente o que ele diz é isto: “um Deus de amor
jamais faria isto!” E assim ele insiste. Então ele pergunta a
Deus se destruiria a cidade mesmo que existam nela apenas 10 justos.
A
persistência de Abraão é um exemplo da parábola da viúva e do
juiz que Jesus contou em Lc 18. A viúva persistente ganhou a sua
causa naquela parábola. Jesus ensina os discípulos a orar sempre e
nunca desanimar.
Qual
pé a lição aqui? Deus está disposto a ouvir e a considerar
cuidadosamente os nossos pedidos em qualquer situação, mas se
pedirmos o que é correto, pois ele próprio diz nas Escrituras que
não deseja que ninguém se perca. Mas lembre-se de que Abraão fez
estes pedidos, estas orações, com toda a humildade, dizendo: sou
um simples mortal. É assim que precisamos orar: com
humildade, simplicidade, como um filho conversando com um pai
amoroso.
Além
disso, podemos (e devemos) interceder pelo nosso país e pelo mundo,
que estão se perdendo em imoralidade. Também devemos orar por
aqueles que estão passando por dificuldades, fome, perseguição,
câncer; e por aqueles que estão longe de Jesus para que ele tenha
compaixão deles.
Conclusão.
Quero encorajar a todos os irmãos e irmãs a chegar diante de Deus
com reverência, humildade, mas acima de tudo, com fé, sabendo que
ele tudo pode e que deseja p bem de todos, especialmente dos seus
filhos, por meio de Jesus Cristo.
O
mundo precisa das nossas orações, que são expressões de nossa fé,
do nosso relacionamento com Deus. As nossas cidades, as nossas
igrejas, as nossas famílias precisam das nossas orações para que
pessoas sejam perdoadas e salvas, para que guerras sejam evitadas e
fomes saciadas. Tiago diz: “A oração de uma pessoa obediente a
Deus tem muito poder” (5.16).
Eu
quero ser fiel nas minhas orações. Eu desejo que as orações de
todos os filhos de Deus sejam continuas, pois assim talvez o mundo
comece a se tornar mais como Deus quer que ele seja. Isto é
exatamente o que Jesus disse quando ensinou os seus discípulos a
orar: “Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino;
dá-nos cada dia nosso pão cotidiano; perdoa-nos os nossos pecados,
pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve; e não nos
conduzas em tentação, mas livra-nos do mal”.
E
então, a sua fé está se manifestando em forma de orações? Deus é
o nosso “Abba”
(forma carinhosa de Pai em aramaico)
e a nossa fé nos leva até ele, pois prometeu que iria ouvir os
nossos pedidos porque somos os seus filhos. Este “Abba”
ama
muitos os seus filhos, mas muito mesmo. Amém!
(PA
e PF, pp. 149-153)