BEM-VINDO AO NOSSO BLOG!


Com muita alegria apresentamos o blog da Paróquia Evangélica Luterana Renascer em Cristo , com sede em Rio Branco, AC.


Além da sede, que fica no bairro Estação Experimental, no caminho do aeroporto, temos também um ponto de pregação aqui na capital no bairro Areal.


No interior atendemos Brasiléia, na divisa com a Bolívia, a 230 Km de Rio Branco, e Redenção e Ramal do Bigode, município de Acrelândia, a 110 Km da capital. Outro ponto de pregação fica na estrada que vai a Porto Acre, a 35 Km daqui.


Queremos compartilhar com vocês mensagens, fotos, informações e notícias de nosso trabalho, com o grande objetivo de levar Cristo para todos, especialmente em nosso estado e região, com é o lema de nossa IELB - Igreja Evangélica Luterana do Brasil.


Um grande abraço, no amor de Cristo!



Pastor Leandro.






quinta-feira, 21 de julho de 2016


10º Domingo após Pentecostes
Lucas 11.1-13
Oração – uma expressão de fé!

Introdução. É muito interessante notar como muitos membros de nossas igrejas tem pouca noção de como orar. Tecnicamente sabem o que é orar, mas a prática deixa-se muito a desejar. Por outro lado, não é uma grande surpresa, pois os próprios discípulos de Jesus não tinham ideia de como colocar em prática o conceito da comunicação com Deus.
A verdade é que existem muitas maneiras de orar, e a oração que Jesus ensina aos discípulos é um modelo, um exemplo do relacionamento existente entre o ser humano e seu Criador. Outra coisa importante que se deve notar é que muitas vezes chamamos o Pai Nosso de “oração do Senhor”, quando ela deveria ser chamada de “oração dos discípulos”. (A oração do Senhor Jesus está registrada no Evangelho de João, no capítulo 17).
Também é importante ressaltar que a verdadeira oração é sempre uma expressão de fé e confiança naquele que nos ama e deu Jesus como Salvador. Na carta aos Hebreus nos é dito que nós podemos chegar ao “trono da graça de Deus” exatamente porque Jesus nos abriu as portas. Escute este texto: “Por isso tenhamos confiança e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda” (Hb 4.16).
Como Orar. Existem muitas formas de orar. Algumas pessoas oram em forma de diálogo com Deus. Podemos fazer isto? Com certeza, pois Deus nos dá a liberdade de chamá-lo de Pai. Mesmo que não seja um texto bíblico, o conhecido hino “Em Jesus Amigo Temos” nos diz que podemos chegar a Jesus em oração da mesma maneira como falamos com um “velho e bom amigo”, com quem conversamos em todas as oportunidades que temos, várias vezes por dia, como conversamos com alguém via celular ou enviando uma mensagem de texto. Fazemos isto quando acontece algo de bom, quando estamos enfrentando dificuldades ou quando alguém outro está passando por estas situações.
Outras pessoas preferem orar de maneira formal, ou seja, usando orações estruturadas e previamente escritas – como as orações da manhã e da noite escritas por Martinho Lutero.
Já outros preferem usar uma sequência, começando com Adoração, Confissão de pecados, Ação de Graças e concluindo com uma súplica em favor de outros e de si próprio. Este método nos ajuda a lembrar sobre diversos tópicos em uma oração. Também podemos orar usando cânticos e salmos.
 
Apesar de toda liberdade que temos em termos de oração, os discípulos pedem ajuda a Jesus. Ele recita para eles o Pai Nosso que todos conhecemos e que é um maravilhoso esboço de como orar. Começamos a oração que Jesus ensinou honrando a Deus e depois pedimos aquelas coisas de que precisamos, como pão, perdão e libertação do mal.
Mas a intenção de Jesus não é de que usemos somente esta oração, apesar de ser um excelente lugar para começar. Podemos usar diferentes métodos para nos comunicarmos com Deus, mas o mais importante é a nossa atitude.
Um menino de 11 anos encontrou um maço de cigarros e decidiu experimentá-los. Ele foi ao campo do lado da sua casa e depois de várias tentativas ele conseguiu acender um cigarro. Ele se engasgou com a fumaça e ficou com um gosto horrível em sua boca. Foi neste momento que ele viu o seu pai vindo em sua direção. O menino tentou esconder o cigarro e desviar a atenção apontando para uma placa de publicidade que anunciava a chegada de um circo. O menino disse: “Pai, podemos ir ao circo hoje à noite? Por favor, podemos?” O pai respondeu com voz firme: “Filho, nunca faça um pedido quando você estiver escondendo uma flagrante desobediência”.
Com que atitude você ora? Temos dúvidas? Somos vagos em nossas orações? Ou oramos de maneira agressiva, tentando determinar a Deus o que ele deve fazer? Ou será que existe um meio termo entre estes dois extremos?
Por um lado, não podemos ficar com medo de pedir a Deus aquilo que precisamos, afinal, Jesus nos deu a liberdade de chamar a Deus de Pai. Se as nossas orações não são feitas com confiança e convicção, sem pedidos concretos, estaremos apenas dizendo palavras sem muito sentido, mesmo que elas contenham muito louvor e gratidão.
Claro que podemos dizer a Deus: Deus, tu sabes o que é bom para mim. Por esta razão quero deixar a decisão para ti”. Porém, eu creio que é muito melhor que façamos pedidos específicos. Por exemplo, quando estou com muito fome eu peço para que a minha esposa prepare uma refeição. Eu não digo: “Hummm, eu preciso algo, mas tu sabes o que preciso; então deixo em tuas mãos decidir o que vais me dar”. Em vez disto, falo para ela com convicção: “Estou com fome. Podes preparar uma janta para nós? Ah, eu gosto muito de feijão, arroz, carne com molho e uma saladinha”. Eu creio que Deus deseja que sejamos gentis, amorosos, mas ele também quer que falemos claramente o que precisamos, pois isto demonstra fé! Tiago diz: “Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer” (1.16-18).
 
E quando há problemas… Deus sempre deseja o melhor para nós. Mas como este mundo deixou de ser perfeito, problemas acontecem, e eles não parecem e realmente não são positivos para a nossa vida. Todavia, nós podemos ter a certeza de que Deus, em sua graça, pode transformar estas circunstâncias negativas em algo positivo. O apóstolo Paulo afirma isto em Romanos 8.28. Por esta razão é que podemos orar e agradecer a Deus, mesmo pelas dificuldades, porque ele as torna em bênçãos.
Claro, quando alguém que você ama tem câncer, ou quando você perde o seu emprego, ou quando há guerra, e quando violência e corrupção predominam, é difícil entender os motivos. É nestas situações que precisamos buscar a Deus em oração e pedir que ele interfira e modifique estas circunstâncias.
Jesus disse aos seus discípulos que, se tivessem fé suficiente quando orassem, poderiam ordenar que uma montanha se atirasse ao mar e isto iria acontecer. Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês”. Foi isto que Jesus disse!
Também é bom lembrar que precisamos deixar tudo, absolutamente tudo, nas mãos poderosas e amorosas de Deus. E isto é outra demonstração de fé! Mesmo quando a situação é muito dolorosa, extremamente complicada, deixe Deus ser Deus. Mas um aviso: isto não é nada fácil. Deus decide o que vai fazer, mesmo quando nossos planos são diferentes dos dele.
Nós não podemos dizer a Deus como e quando ele deve fazer as coisas acontecerem. Todos nós fazemos isto por vezes. Confesso que tenho esta tendência, mas preciso lembrar de que Deus não é meu empregado, mas que é Senhor! Ele não está aí para satisfazer os meus desejos e acatar as minhas “ordens”. Ele atende as orações, mas sempre de acordo com o que de fato é melhor para nós, não necessariamente de acordo com o que nós pensamos ser o melhor.
Seguindo o exemplo de Abraão. Vamos visitar por alguns momentos o texto do AT. Aqui encontramos Abraão. Ele nos ensina uma lição sobre a oração: sermos persistentes com Deus. Parece que Abraão faz o papel de advogado de defesa ao apresentar o seu caso diante de Deus, o Juiz. Como Advogado, ele não abandona os seus “clientes”. Ele argumenta, fazendo todo o possível para que Deus mude o seu julgamento e não destrua as cidades de Sodoma e Gomorra.
A história é conhecida. Deus toma conhecimento da imoralidade das duas cidades e vai verificar a situação e chega à conclusão de que a destruição é iminente. Ele tem este direito, mas Abraão mantém a sua posição: Será que vais destruir os bons junto com os maus?” Ele pede que Deus imagine que existem 50 pessoas justas em Sodoma e Gomorra (o que não é um grande número de pessoas). Ele diz: “Não é possível que mates os bons junto com os maus, como se todos tivessem
cometido os mesmos pecados”.
Abraão sabiamente coloca a justiça de Deis diante da misericórdia de Deus. Basicamente o que ele diz é isto: um Deus de amor jamais faria isto!” E assim ele insiste. Então ele pergunta a Deus se destruiria a cidade mesmo que existam nela apenas 10 justos.
A persistência de Abraão é um exemplo da parábola da viúva e do juiz que Jesus contou em Lc 18. A viúva persistente ganhou a sua causa naquela parábola. Jesus ensina os discípulos a orar sempre e nunca desanimar.
Qual pé a lição aqui? Deus está disposto a ouvir e a considerar cuidadosamente os nossos pedidos em qualquer situação, mas se pedirmos o que é correto, pois ele próprio diz nas Escrituras que não deseja que ninguém se perca. Mas lembre-se de que Abraão fez estes pedidos, estas orações, com toda a humildade, dizendo: sou um simples mortal. É assim que precisamos orar: com humildade, simplicidade, como um filho conversando com um pai amoroso.
Além disso, podemos (e devemos) interceder pelo nosso país e pelo mundo, que estão se perdendo em imoralidade. Também devemos orar por aqueles que estão passando por dificuldades, fome, perseguição, câncer; e por aqueles que estão longe de Jesus para que ele tenha compaixão deles.
Conclusão. Quero encorajar a todos os irmãos e irmãs a chegar diante de Deus com reverência, humildade, mas acima de tudo, com fé, sabendo que ele tudo pode e que deseja p bem de todos, especialmente dos seus filhos, por meio de Jesus Cristo.
O mundo precisa das nossas orações, que são expressões de nossa fé, do nosso relacionamento com Deus. As nossas cidades, as nossas igrejas, as nossas famílias precisam das nossas orações para que pessoas sejam perdoadas e salvas, para que guerras sejam evitadas e fomes saciadas. Tiago diz: “A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder” (5.16).
Eu quero ser fiel nas minhas orações. Eu desejo que as orações de todos os filhos de Deus sejam continuas, pois assim talvez o mundo comece a se tornar mais como Deus quer que ele seja. Isto é exatamente o que Jesus disse quando ensinou os seus discípulos a orar: “Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; dá-nos cada dia nosso pão cotidiano; perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve; e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal”.
E então, a sua fé está se manifestando em forma de orações? Deus é o nosso Abba” (forma carinhosa de Pai em aramaico) e a nossa fé nos leva até ele, pois prometeu que iria ouvir os nossos pedidos porque somos os seus filhos. Este “Abba” ama muitos os seus filhos, mas muito mesmo. Amém!
 
(PA e PF, pp. 149-153)

quarta-feira, 13 de julho de 2016


9º Domingo após Pentecostes
Lucas 10.38-42
Ouvir a Palavra de Jesus e Entender Corretamente a Lei!

À primeira vista, o texto simplesmente apresenta duas mulheres. Uma estava sempre ocupada e era incansável no trabalho doméstico. Tudo precisava estar limpo, arrumado para receber o visitante. A outra mulher era um tanto despreocupada. Sua atenção estava totalmente voltada ao visitante; afinal, a limpeza e a arrumação poderiam ficar para outro momento.
Qual das duas mulheres se parece com você?
Por um breve momento Jesus deixa os seus discípulos continuando a viagem para Jerusalém. Cerca de três Km antes da cidade, ele entra em uma vila, Betânia, e conhece a família de Lázaro, Maria e Marta. O evangelista Lucas não apresenta Lázaro; apenas foca, neste primeiro contato entre Jesus e a família, um fato doméstico bem peculiar.
Em uma casa com mais de uma mulher (como mãe e filha, por exemplo) é comum que uma delas faça as honras da casa e a outra prepare um lanchinho para a visita.
A hospitalidade é uma característica cristã e é recomendada pela Bíblia. Ela era tida como um dever sagrado. Entre os cristãos chegou a ser um importante vínculo, tanto pela proteção que se oferecia ao visitante, como pelas oportunidades de estímulo mútuo e companheirismo. Por isso, as Escrituras dão muito destaque a ela. Ouvimos recomendações como estas: Não negligencieis a hospitalidade, pois, alguns, praticando-as, sem saber acolheram anjos (Hb 13.2)”, “Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade (Rm 12.13)”, “Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração (1Pe 4.9)”.
Sendo assim, é fácil compreender a reação de Marta. Pra ela era incompreensível ver Jesus observando Maria aos seus pés, ouvindo seus ensinos, enquanto que trabalhava sozinha. Talvez Marta estivesse pensando consigo: Que Jesus é esse? Sabe que a hospitalidade é um dever sagrado e não diz nada pra minha irmã vir me ajudar”.
Assim, indignada com a postura de Jesus e da irmã, que estava se aproveitando da situação de um visitando não lhe repreender quanto à falta de hospitalidade, resolve externar sua indignação: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me (Lc 10.40)”.
Jesus não reprova a atitude hospitaleira de Marta. Na verdade, ele, Jesus, reprova a sua inquietação. Por mais que Marta estivesse se esforçando em receber bem a Jesus, ela estava “chateada”, pois Maria ouvia Jesus e ela, agitada, preparava tudo com muito carinho.
Diante da indignação de Marta, Jesus, repetindo seu nome por duas vezes, mostrou o quanto a amava. No entanto, ela havia se deixado levar pela agitação do seu dia. Ao dizer “Marta! Marta!”, Jesus desejava tocar seu coração para aquilo que de fato era importante e necessário naquele momento. Assim, Jesus censura a Marta por causa de sua mente dividida, ou seja, ela não sabia o que fazer. Não sabia se deveria se preocupar com os seus afazeres ou se deveria ouvir as palavras que Jesus estava transmitindo a Maria. Claro que a censura de Jesus é suave, pois amava Marta e queria sua salvação. O problema é que Marta estava inquieta, chateada.
Jesus diz para Marta que o amor dela, por mais que seja demonstrado e valorizado pela hospitalidade, ainda lhe falta algo.
Mas, o que falta para Marta? Bem, Jesus não dá a resposta. No entanto, a julgar pelo texto, pode-se concluir que Maria optou em não se deixar distrair com nada. Ocupou-se apenas com uma coisa. Já Marta queria fazer tudo ao mesmo tempo. Maria, aos pés de Jesus, ocupava-se de apenas uma: das palavras de Jesus.
Maria estava tão convicta da melhor parte que nem o fato de sua irmã tê-la repreendido, falando com Jesus sobre a situação, a fez desistir de ouvir as suas palavras. Nelas ela encontrou paz e descanso, e justamente essa paz e esse descanso não lhe seriam tirados (Lc 10.42).
Este foi o convite de Jesus: Marta! Marta! Escolha descansar a sua alma e o seu coração. Não fique ocupada e distraída com coisas que também são importantes, mas que apenas lhe afligem. Ocupe-se com aquilo que de fato vai lhe tranquilizar: a minha palavra.
Após o convite de Jesus a Marta houve outros episódios entre eles, Maria, Marta e Lázaro. Segundo o apóstolo João em seu Evangelho, Lázaro foi ressuscitado pouco antes de Jesus ser crucificado em Jerusalém. No relato de Lucas vemos Marta recebendo um valioso convite. Segundo o relato do Evangelho de João, Marta parece confiante e tranquila, tanto que confessa: “Eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo (Jo 11.27)”.
O convite amoroso de Jesus continua sendo feito: Fulano! Andas inquieto e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa: a minha Palavra. Amém!
(Portas Abertas 18 e Preciso Falar 25, pp.146-148)

terça-feira, 12 de julho de 2016


8º Domingo após Pentecostes
Lucas 10.25-37
Jesus, o Bom Samaritano!

O texto do Evangelho traz um diálogo entre um Mestre da Lei e Jesus. Neste diálogo podemos notar o quanto o ser humano é mesquinho, soberbo e ignorante sobre a questão da salvação.
Relembremos o diálogo. O Mestre da Lei perguntou a Jesus: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Ao que Jesus respondeu com outra pergunta: Que está escrito na Lei? Como interpretas? O Mestre da Lei, conhecedor de toda ela, respondeu: amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Jesus, conhecedor do coração humano, respondeu: respondeste corretamente; faze isto e viverás. O Mestre da Lei, que havia sido atingido em seu egoísmo e orgulho, perguntou: quem é o meu próximo? Jesus respondeu contando a história do bom samaritano, o que fez o Mestre da Lei concluir que o próximo é todo aquele que necessita de ajuda.
Chama a atenção neste diálogo que o interprete da Lei conhece toda ela, mas não conhece a prática dela, tanto que pergunta: “Quem é o meu próximo?”
Esta pergunta, em minha opinião, traz à tona a soberba dele. Pois, ao responder que está escrito na Lei que se deve amar a Deus e ao próximo, sua pergunta parece revelar que ele sabia quem era Deus. No entanto, a sua pergunta poderia ser: “Quem é Deus?” ou “Como é Deus?”. Afinal, justamente por não conhecer a misericórdia e o amor de Deus ele e todos os intérpretes da Lei cometem o mesmo equívoco: querem obter a vida eterna por meio do cumprimento da Lei.
O diálogo entre o Mestre da Lei e Jesus é riquíssimo. Ele traz muitos ensinamentos e penso que apenas um sermão não consegue esgotar o assunto. Mas o pouco que conseguirmos aprender já será um enorme aprendizado.
Um dos objetivos de Lucas neste Evangelho era apresentar Jesus, sua vida, suas atividades, suas características pessoais em meio à multiplicidade de situações religiosas, políticas e sociais em que se desenvolve o drama humano.
Um dos maiores dramas humanos é justamente querer saber: o que fazer para herdar a vida eterna?
Para responder de maneira satisfatória, Jesus lança uma questão reflexiva: “O que está escrito na Lei? Como interpretas?”
Muitos sabem o que está escrito na Lei, mas a questão é: “Como interpretas?”
Segundo as mais variadas interpretações, viverá aquele que andar segundo a Lei. Na epístola de Paulo aos Gálatas é ensinado que todos quantos, pois, são das obras da Lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: maldito aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las. É evidente que, pela Lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.10-11).
Ninguém consegue cumprir a Lei. Tanto que, ao observar essa verdade, o intérprete que dialogou com Jesus, buscando se justificar, perguntou: “Quem é o meu próximo?”
Os samaritanos são uma mistura de povos da Assíria e de outras regiões com israelitas. Eles quiseram unir-se aos judeus quando estes voltaram do exílio babilônico, mas Zorobabel e Neemias não concordaram (Ed 4.2,3; Ne 2.19-20). Deste momento em diante a inimizade entre os dois povos se tornou evidente.
Quem são os samaritanos hoje? Infelizmente, reina entre as pessoas o racismo, e não apenas por causa da cor da pele, mas também por causa de questões sociais, políticas, eclesiásticas, etc. Os samaritanos, bem, estes são atuais e vivem ao nosso redor.
Jesus sentiu na própria pele a rejeição devido a esta diferença entre os judeus e os samaritanos. Ele havia sido rejeitado pelos samaritanos seis meses antes da sua crucificação (Lc 9.52-53).
Parafraseando um dito popular: rejeição gera rejeição!
Graças a Deus que esta verdade só vale para nós pecadores. Afinal, Jesus não rejeitou ninguém, mas morreu por todos.
A interpretação dos judeus de amar ao próximo se estendia apenas aos israelitas e estrangeiros estabelecidos em Israel. Assim, se vangloriavam que estavam cumprindo a Lei. E esta era a resposta que o Mestre da Lei queria obter de Jesus. O diálogo que ele propôs tinha como objetivo vangloriar-se. No final, tudo o que ele desejava era ser elogiado por Jesus como alguém que de fato conhecia e vivia de acordo com a Lei. Mas a sua interpretação estava equivocada e Jesus mostrou que é “maldito aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las”, como diz Gl 3.10.
O que fazer para herdar a vida eterna?” Esta é a pergunta de milhares de pessoas. E para elas Jesus responde com outra pergunta: “O que está escrito na Lei? Como interpretas?”
O Livro da Lei diz: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).
Primeiro, só pode ser santo quem conhece o santo Deus. Sem ser filho ou filha de Deus não há possibilidade de ser santo. As palavras da Lei são ditas aos filhos redimidos de Deus. Quem havia passado pela libertação da escravidão no Egito agora, como livre, viveria a sua liberdade em todos os lugares e em todas as situações e com qualquer pessoa.
A Lei não me salva, mas apenas me conduz a minha real situação: pecador perdido e condenado. Ms a boa notícia do Evangelho é que “Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13).
Jesus é o Bom Samaritano que veio ao nosso encontro. Afinal, nem a Lei pronunciada pelo sacerdote e pelo levita foram capazes de levá-los a socorrer o necessitado.
Fomos socorridos por Deus em Jesus, pois “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Amém. (Preciso Falar e Portas Abertas, pp. 142-145)