Último
Domingo Após Pentecostes
Colossenses
1.13-20
Transportados
da Morte para a Vida!
Os
meios de transporte estão ada vez mais eficientes e velozes. Por
meio deles somos transportados de um lugar para outro com facilidade,
agilidade e eficiência. Por meio deles podemos conhecer o mundo. É
maravilhoso poder viajar pelos lugares e explorar suas riquezas
culturais!
Muitas
pessoas, quando realizam uma viagem, voltam deslumbradas com tudo de
novo que viram. Por algum tempo ficam se lembrando de como era lindo
aquele lugar que visitaram, e até podem se esquecer dos problemas
que vivem, ou até mesmo de como é o lugar onde moram.
Paulo
diz que “nossa pátria está no céu” (Fp 3.20). Somos
salvos, temos a vida eterna, mas ainda estamos aqui. É como se
estivéssemos em uma viagem. Nesta viagem, o encantamento pelas
coisas dese mundo, conforme as palavras de Jesus no Evangelho da
semana passada, pode nos fazer esquecer da nossa pátria celestial.
Levando
essa realidade em consideração, estudemos as palavras de Paulo aos
Colossenses, em especial o versículo 14. Este versículo anuncia que
o “Filho do seu amor”, ou seja, o “amado”, é
aquele no qual cada pecador tem a redenção, a remissão, o perdão
dos pecados.
A
palavra redenção é um termo fundamental na Bíblia. Ele compreende
toda história da salvação, desde a remissão dos pecados até a
ressurreição dos mortos.
Vivemos
dias de analfabetismo funcional. Muitas pessoas sabem ler, mas ao
conseguem fazer a devida interpretação de textos e operações
matemáticas simples. Por isto, é importante e necessário entender
o que é redenção.
A
palavra vem do latim “redimere”, que é uma tradução do
grego “Lutrosis” ou “apolutrosis”. Ele
significa resgate, libertação através do pagamento de um resgate,
soltura de quem está em escravidão ou prisão por dívida não
paga.
O
sentido teológico é bem mais amplo e profundo do que o sentido
gramatical. No entanto, mesmo se ficássemos apenas com o conceito
gramatical, a palavra já traz um enorme significado.
Os
filhos da promessa, ou seja, os descendentes de Abraão, Isaque e
Jacó estiveram escravizados no Egito. Quando Deus, em sua graça e
misericórdia, interveio, ele libertou o seu povo da escravidão. Por
40 anos caminhou com o povo livre pelo deserto. Mesmo caminhando pelo
deserto, as pessoas sabiam que a sua terra era a nova terra, Canaã.
Como
cristãos do século XXI, estamos livres, somos filhos de Deus. Fomos
libertados do poder do diabo e da morte eterna e estamos caminhando
pelo deserto. Mas não fomos resgatados para viver eternamente neste
deserto, onde reinam as lágrimas, as injustiças, a violência.
Fomos resgatados, comprados “com o santo e precioso sangue de
Jesus”, para pertencemos a ele e vivermos com ele na nova
terra, no novo céu. Paulo diz: “Ele nos libertou do império
das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no
qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).
Transportados
– de um reino para outro reino. Esta palavra, ou como diz o termo
grego, “transferidos”, resume muitíssimo bem o que é
redenção. Fomos transferidos de um lugar para outro. A
transferência foi extraordinária. Saímos das trevas para a luz, da
morte para a vida, da perdição para a salvação.
A
carta aos Colossenses é uma das mais breves do apóstolo Paulo. Ela
tem como diferencial o fato de ter sido escrita para uma congregação
que ele não fundou pessoalmente. A cidade de Colossos ficava a cerca
de 160 km de Éfeso, e a congregação foi fundada pelo ministério
de Epafras, no período em que Paulo esteve em Éfeso por três anos.
A maioria dos cristãos daquela congregação era gentílica. Eles
foram perdoados dos seus pecados e “transferidos para o
reino do Filho do seu amor”.
Os cristãos da cidade de Colossos, mesmo tendo sido redimidos,
perdoados, transportados de uma situação para outra, estavam sendo
ameaçados pela heresia colossense. Paulo soube disso quando, na
prisão, recebeu a visita de Epafras (1.8).
Um
grupo da congregação havia se desviado do padrão doutrinário
cristão. Correntes de pensamento de fora da igreja estavam sendo
bastante atrativas para muitos cristão de Colossos. Esta corrente de
fora estava estragando a doutrina cristã com suas seguintes
atrações: 1) cerimonialismo (2.16-17; 2.11; 3.11); 2) ascetismo
(2.21; 2.23); 3) culto a anjos (2.18); 4) diminuição da importância
e do papel de Jesus Cristo (1.15-20, nosso texto em questão,
2.2-3.9); 5) conhecimento secreto (2.18 e 2.2-3); 6) apelo à
sabedoria e tradições humanas (2.4,8).
Todas
estas questões estavam sendo misturadas e buscavam complementar o
Evangelho. Em Cl 1.15-20, o apóstolo Paulo prepara terreno para
tratar destas questões. Nestes versículos ele exalta a
superioridade de Jesus Cristo. Ele é Senhor da criação e da
reconciliação. Ele é o mediador entre Deus e os seres humanos.
Somos
redimidos. Somos os transferidos. Mas ainda estamos em mudança, ou
melhor, em viagem. Vamos curtir essa viagem. Mas precisamos ter
cuidado para não esquecer o check-in, pois sem o mesmo não
há embarque.
Como
filhos redimidos, muitos são os que estão vivendo suas vidas
simplesmente se aproveitando da viagem. Não que isso seja ruim, mas
o perigo é se esquecer daquele que nos transportou da morte para a
vida, das trevas para a luz – o Salvador Jesus Cristo. Amém.
(Portas
Abertas 18 e Preciso Falar 25, pp. 222-224).