Leia em sua Bíblia Lucas 18.9-17
Se nós
perguntarmos aos nossos pais e avós como eles se preparavam para ir à igreja,
ao culto, creio que a maioria vai dizer que vestiam a melhor roupa e calçado que
tinham, a chamada “roupa de domingo”. Cuidavam do cabelo ou barba e procuravam
chegar antes da hora do culto, mesmo que morassem longe e tivessem que vir de
carroça, de bicicleta ou mesmo a pé.
Tudo
isso não para se mostrar aos outros, mas como respeito à Casa do Senhor e ao
que ali ia acontecer. E hoje, como nos preparamos? Como você vem à Casa do
Senhor?
Tudo
isso é importante, o bom preparo exterior, pois honramos a Deus e damos bom
exemplo também com a maneira de nos vestir e com o cumprimento do horário
marcado. Mas, este é o principal preparo?
E qual
é o principal preparo? Claro que é o preparo do coração! Então, como você
prepara o coração para vir à Casa do Senhor? Pensando nisto e olhando para o
Evangelho de hoje, queremos refletir sobre esta pergunta: Como eu venho à Casa do Senhor?
Jesus
conta uma história em nossa leitura de hoje que fala exatamente sobre isso, e
no início dela já temos o objetivo dele com essa parábola: Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito
bons e desprezavam os outros (v. 9).
Resumindo
a história: um fariseu, religioso da época, vai ao templo orar, e só fala de si
mesmo, criticando os outros e achando que é muito superior a eles. Não pede
perdão por nada, não acha nenhum defeito em si mesmo.
Outro
homem, cobrador de impostos (publicano), desprezado pelas pessoas do seu povo,
também vai lá orar, mas ficou ao longe, provavelmente lá no fundo da igreja, e
não tem coragem nem de olhar para o céu, batendo no peito como sinal de
tristeza e dizendo: Ó Deus, tem pena de
mim, pois sou pecador. Não se orgulha de nada, não fala mal de ninguém, mas
reconhece que é um pecador que precisa do perdão, da misericórdia de Deus.
Jesus
mesmo nos diz quem foi para cada perdoado, justificado, em paz com Deus: Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido (v.
14). E, agora, é a hora de nos perguntarmos: Como eu venho à Casa do Senhor?
- Venho orgulhoso, pensando em tudo que fiz de bom durante a
semana?
- Venho confiando em mim mesmo e pensando em quanto sou melhor
que os outros?
- Venho achando que faço um favor a Deus, ao pastor e aos
irmãos, se venho a igreja e quem sabe até ajudo em alguma coisa?
- Venho para achar defeitos no
culto, no pastor, nos irmãos que estão aqui?
Como eu venho à Casa do Senhor? Ou será
que eu:
- Venho humilde, pensando em tudo que fiz contra Deus e meu
próximo, e quanto não fiz daquilo que o Senhor esperava de mim?
- Venho confiando na graça de Deus e sabendo quanto sou pecador
e necessito da sua misericórdia, perdão e amor?
- Venho na certeza de que Deus é quem me faz um grande favor, me
oferecendo no culto seus presentes de perdão, vida e salvação, na Palavra e
Sacramentos, mesmo sem eu merecer essas dádivas?
- Venho para confessar os meus defeitos e pecados, e reconhecer
que sou tão falho como qualquer outra pessoa?
- Venho disposto a me colocar à disposição do meu Salvador, para
servi-lo da melhor maneira possível com toda a minha vida?
Quando
a graça de Deus nos atinge de verdade, ela sempre nos leva a perceber que nunca
atingimos o alvo que Deus tem para nós e que sempre, diariamente, até nossa
morte, precisamos da misericórdia do Senhor, como foi com aquele cobrador de
impostos.
A graça
de Deus nunca produz pessoas que proclamam sua própria justiça, como fez o
fariseu, mas pessoas que reconhecem seu pecado e recebem com alegria o perdão
de Cristo e então querem então dá-lo e proclamá-lo a tantos outros, carentes de
alívio para suas almas.
Como eu venho à Casa do Senhor? Em quem
eu confio – em mim mesmo e nas minhas obras, ou somente na graça de Deus? Qual
é o foco da minha vida dentro e fora da igreja – meus esforços ou a graça de
Deus?
Imaginem um copo cheio de feijão ou açúcar. Não tem como eu colocar ou
derramar outra coisa nele, como suco, água ou vinho. Não cabe, não entra, porque já está cheio.
Assim
acontece na relação entre Deus e nós: como Ele vai derramar sua graça e perdão em nós, se
estivermos cheios de orgulho, autojustiça, rancor ou vaidade?
Por
isso, Ele vem a nós com sua Lei, que mostra e condena nosso pecado, e nos
esvazia completamente de nosso eu, para então encher-nos, com seu Espírito, de
sua graça e perdão, vida nova e salvação – o Evangelho.
Por
isso aquele cobrador de impostos foi para casa em paz. Porque simplesmente
confessou e confiou na misericórdia de Deus, esvaziou suas mãos de tudo o que
poderia achar valioso diante de Deus para, com elas vazias, poder receber o
presente do perdão e amor do Senhor.
Nosso
texto termina com Jesus e as crianças. Parece que não tem nada a ver com a
parábola dos dois que foram ao templo orar. Mas, tem tudo a ver, pois quando
Jesus diz que quem não receber o Reino de
Deus como uma criança nunca entrará nele (v.17), Ele reflete exatamente a
atitude que teve o cobrador de impostos: como uma criança que depende
totalmente dos adultos para viver e confia neles, precisamos, como fez o
cobrador, confiar totalmente em nosso Deus e viver todos os dias dependendo do
seu amor, perdão, cuidado e bênçãos sobre nós, sem podermos contribuir em nada
para isso.
Como eu venho à Casa do Senhor? Como eu
volto para casa? Aliviado, perdoado, em paz com Deus e, por isso, motivado, animado
e sentindo-me enviado a levar aos outros as bênçãos maravilhosas que aqui tenho
o privilégio de receber?
Na
semana passada participei do programa MML (Ministério, Missão e Liderança), e ouvi outros pastores anunciando para mim o perdão e a
misericórdia de Deus, pregando para mim e meus irmãos pastores o Evangelho e a
certeza de que o Senhor nos ama e perdoa, mesmo sendo nós servos tão fracos,
incompletos e falhos na obra de Cristo.
Eu
voltei para casa aliviado, perdoado, abençoado e enviado para levar a vocês e a
quem eu puder a maravilhosa graça de Deus, que me salva desde o meu batismo e
que me faz buscar cada dia o perdão do Senhor.
Assim, meu irmão e irmã, vá sempre à Casa do Senhor em humildade, com sede e fome do seu perdão, sabendo que desde o seu batismo você está nas mãos amorosas e graciosas do Pai, e que Ele quer mandar você para casa em paz com Deus, perdoado através de Cristo, nosso Salvador.
Convidamos você a vir e estar sempre conosco, na Casa do Senhor, pois aqui Deus anuncia e dá o mesmo perdão que aquele cobrador de impostos recebeu. Amém.