3º
Domingo no Advento
Mateus
11.2-15
Os
Sinais do Reino de Deus!
Já faz algum tempo,
mas ainda se ouve falar sobre a repercussão mundial a respeito das
grandes fraudes e falcatruas encontradas nas conceituadas empresas
Petrobras e Fifa. Durante algum tempo elas eram referência de
padrões e competência e aos poucos foram envolvidas em roubos e
desvios milionários, favorecendo empresas e pessoas; no caso da
Fifa, comprando votos e adulterando resultados de jogos. O mundo
inteiro ficou estarrecido e decepcionado com “padrão
Fifa”.
Mas não precisamos
ir longe. Basta que olhemos ao nosso redor, em nosso Estado, em nosso
município, em nossa vizinhança. Pagamos altos impostos e as nossas
estradas continuam esburacadas, causando acidentes muitas vezes
fatais. O nosso sistema público de atendimento à saúde tem grandes
dificuldades para o atendimento da população. Esperas intermináveis
nos atendimentos de plantão e meses de espera para conseguir exames
mais especializados. As águas do nosso meio ambiente estão cada vez
mais poluídas, nossas matas estão sendo cortadas e queimadas,
nossos campos estão sendo envenenados com agrotóxicos, nosso ar
está sendo poluído com os gases que provém de nossos
automóveis,aviões, indústrias, que corroem a camada de ozônio e
permitem maior incidência de raios solares ultravioletas, causando o
aquecimento global e provocando câncer de pele. Segundo dado da ONU,
um bilhão de pessoas se alimentam apenas com 1.800 calorias por dia,
o que é necessário apenas para a pessoa dormir.
A situação atual é
como um deserto: terra seca, infertilidade e coisas que não andam
retas. As pessoas estão cansadas e fracas. Os inimigos são
numerosos.
As leituras de hoje
mostram as imperfeições das pessoas, das mais importantes até as
menos importantes; a fragilidade dos seus planos e das estruturas
humanas. Pessoas importantes e planos humanos não são confiáveis.
As pessoas se queixam dos problemas que enfrentam, que não têm
paciência e nem esperança, e que logo desanimam. O salmo nos alerta
para que não coloquemos nossa confiança em pessoas importantes, e
também diz que pessoa comuns são falhas e passageiras; os seus
planos não tem durabilidade e as suas promessas não são
confiáveis.
O Evangelho de
Mateus também nos mostra o confronto entre os planos humanos e os
divinos. João Batista havia sido preso pelo governante por denunciar
o seu comportamento, fora dos padrões morais e éticos. Tempos
antes, quando as pessoas iam se batizar com ele no rio Jordão, ele
denunciava as suas atitudes egoístas e cobiçosas, alertando para as
suas falhas e as chamava ao arrependimento. Pessoas importantes,
especialmente religiosas, como os fariseus e os saduceus, foram
denunciadas por ele como sendo hipócritas. Elas se achavam
importantes, melhores que outras pessoas, acima de qualquer
julgamento, só porque faziam parte da classe religiosa, por serem
descendentes dos heróis da fé, como o pai Abraão, e por
frequentarem cerimônias e rituais religiosos.
João Batista aponta
quais são os sinais do Reino de Deus quando afirma ser necessário
que se produza frutos dignos de arrependimento. Espera-se que a
árvores boa produza bons frutos, pois árvores más serão cortadas.
Será que nós
também não nos achamos importantes, só porque fomos batizados ou
por frequentarmos regularmente cerimônias e rituais religiosos? Será
que também não gostamos de ouvir palavras que nos chamam a atenção
para os nossos desvios, falhas morais e éticas, cobiça, falta de
amor ao próximo e ao meio ambiente? Nós nos julgamos acima de
qualquer suspeita? Ou quantas vezes desanimamos frente às
dificuldades que a vida nos apresenta? Podemos encontrar em nós
alguns sinais da presença do Reino de Deus em nossa vida?
João Batista
procura pelos sinais da presença do Reino de Deus em Jesus, o
Galileu que ele havia batizado. E Jesus não o decepciona. Manda
dizer-lhe que os “cegos veem, os coxos andam, os leprosos
são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os
pobres recebem o Evangelho. E felizes são aqueles que não
abandonam a sua fé em mim!” Certamente João Batista conhecia
a mensagem do profeta Isaías: “Digam aos desanimados:
'Não tenham medo; animem-se, pois o nosso Deus está aqui. Ele vem
para nos salvar, ele vem para castigar os nossos inimigos. Então
os cegos verão e os surdos ouvirão; os aleijados pularão e
dançarão, e os mudos cantarão de alegria. Pois fontes brotarão no
deserto, e rios correrão pelas terras secas'” (35.4-6).
O nosso Deus está
aqui! Jesus é o Messias! Esta é a certeza que consola, anima,
conforta João Batista na prisão e confirma a sua missão, que
chamava pessoas ao arrependimento de suas más ações, preparando o
caminho do Reino. Jesus diz aos seus seguidores para que creiam em
João, pois ele preparou o caminho da santidade, da restauração.
Ele nos conclama a ouvirmos esta mensagem.
Este reino irrompe
na humanidade com os sinais que Jesus faz para que as pessoas creiam
que ele é o Redentor, o Salvador prometido no Salmo 146.6-10: “O
Senhor sempre cumpre as suas promessas; ele julga a favor dos que são
explorados e dá comida aos que tem fome. O Senhor Deus põe em
liberdade os que estão presos e faz om que os cegos vejam. O Senhor
levanta os que caem e ama aqueles que lhe obedecem. O Senhor protege
os estrangeiros que moram em nossa terra; ele ajuda as viúvas e os
órfãos, mas faz com que fracassem os planos dos maus. O Senhor será
Rei para sempre. Ó Jerusalém, o seu Deus reinará eternamente.
Aleluia!”
Este enfrentamento
do Reino com a situação humana traz conflitos, produz mudanças,
tira do comodismo. Perturba todos aqueles que querem continuar em
seus caminhos trôpegos. O Reino fatalmente traz o confronto, a cruz
e a perseguição. Assim foi com João Batista. Assim foi com Jesus,
que foi levado à morte por amor de todos nós, para nos trazer
salvação, nova vida, esperança. Jürgem Moltmann, evangélico,
chamado de o Teólogo da Esperança, afirma em sua obra O Espírito
da Vida, no capítulo VI, a justificação da vida: “Como
poderá a vida retornar a este mundo de injustiça, onde uns são
privados de seus direitos e outros se tornam injustos? Isto só pode
acontecer quando a justiça de Deus devolve os direitos aos que deles
foram privados e corrige os injustos, tornando justos uns e outros. É
só a justiça que constrói a paz.”
A mensagem de Deus,
através de seus profetas, traz fé, novas coisas, mudanças,
restauração. Traz cura para os males da humanidade. Traz a
possibilidade do arrependimento e do perdão. Felizes são os que
confiam e não abandonam a fé em Jesus. As promessas do Criador de
tudo estão à disposição de todos e não falham. Já há sinais
da presença do Reino de Deus, que se tornará pleno no grande dia da
restauração, no fim dos tempos. À
medida que o Reino se
implanta, ele estabelece um caminho de integridade física e
espiritual. O Reino de Deus é como uma plantação que vai crescendo
até o tempo da maturidade. A vola do Senhor é a garantia de sucesso
desta empreitada, que trará frutos preciosos.
Somos
árvores boas, nascemos da água e do Espírito. Portanto, estamos
capacitados a produzir bons frutos, a dar sinais da presença do
Reino de Deus. Assim como João Batista, também somos consolados,
animados, confortados e podemos participar da missão de Deus,
chamando as pessoas ao arrependimento das suas más ações,
auxiliando na implantação do Reino de Deus entre nós. Podemos
ouvir a mensagem dos profetas a respeito do Reino de Deus, crer nela
e com esperança participar dos processos de restauração da
sociedade.
Se
somos injustiçados, podemos buscar forças e termos esperança no
Senhor; se somos injustos, podemos nos apegar à misericórdia e ao
perdão do Senhor, e restabelecer a justiça. Podemos ter confiança
e esperança, participando das ações concretas do Reino de Deus, em
prol da restauração de todas as coisas. Ter paciência e esperança,
participar de todos os processos, observar os sinais das épocas,
encarar os sofrimentos como parte do desenvolvimento e ser sábios na
condução da vida diária.
A
presença e a volta do Senhor são garantia de sucesso desta
empreitada, que trará frutos preciosos. Felizes são os que confiam
no Deus de Jacó. Pastos verdejantes e águas tranquilas de novo
estarão à disposição das ovelhas do Bom Pastor. O lugar onde os
maus habitavam será o lugar dos bons, daqueles que esperam em Deus.
Não haverá morte nem tristeza, nem decepção, nem lágrimas.
“Então o Rei dirá aos que estão à sua direita:
'Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o
Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo.
Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com
sede e me deram água; era estrangeiro, e me receberam na sua casa.
Estava sem roupa, e me vestiram. Estava doente, e cuidaram de
mim. Estava na cadeia, e foram me visitar.' Então os bons
perguntarão: 'Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos
comida ou com sede e lhe demos água? Quando foi que vimos o Senhor
como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o
vestimos? QUANDO FOI QUE VIMOS O Senhor doente ou na cadeia e
fomos visitá-lo? ' Aí o Rei responderá: 'Eu
afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao
mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que o fizeram.'” Mateus
25.34-40. Amém!