9º
Domingo após Pentecostes
Lucas
10.38-42
Ouvir
a Palavra de Jesus e Entender Corretamente a Lei!
À
primeira vista, o texto simplesmente apresenta duas mulheres. Uma
estava sempre ocupada e era incansável no trabalho doméstico. Tudo
precisava estar limpo, arrumado para receber o visitante. A outra
mulher era um tanto despreocupada. Sua atenção estava totalmente
voltada ao visitante; afinal, a limpeza e a arrumação poderiam
ficar para outro momento.
Qual
das duas mulheres se parece com você?
Por
um breve momento Jesus deixa os seus discípulos continuando a viagem
para Jerusalém. Cerca de três Km antes da cidade, ele entra em uma
vila, Betânia, e conhece a família de Lázaro, Maria e Marta. O
evangelista Lucas não apresenta Lázaro; apenas foca, neste primeiro
contato entre Jesus e a família, um fato doméstico bem peculiar.
Em
uma casa com mais de uma mulher (como mãe e filha, por exemplo) é
comum que uma delas faça as honras da casa e a outra prepare um
lanchinho para a visita.
A
hospitalidade é uma característica cristã e é recomendada pela
Bíblia. Ela era tida como um dever sagrado. Entre os cristãos
chegou a ser um importante vínculo, tanto pela proteção que se
oferecia ao visitante, como pelas oportunidades de estímulo mútuo e
companheirismo. Por isso, as Escrituras dão muito destaque a ela.
Ouvimos recomendações como estas: “Não negligencieis a
hospitalidade, pois, alguns, praticando-as, sem saber acolheram anjos
(Hb 13.2)”, “Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a
hospitalidade (Rm 12.13)”, “Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem
murmuração (1Pe 4.9)”.
Sendo
assim, é fácil compreender a reação de Marta. Pra ela era
incompreensível ver Jesus observando Maria aos seus pés, ouvindo
seus ensinos, enquanto que trabalhava sozinha. Talvez Marta estivesse
pensando consigo: “Que Jesus é esse? Sabe que a
hospitalidade é um dever sagrado e não diz nada pra minha irmã vir
me ajudar”.
Assim,
indignada com a postura de Jesus e da irmã, que estava se
aproveitando da situação de um visitando não lhe repreender quanto
à falta de hospitalidade, resolve externar sua indignação:
“Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que
eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me (Lc
10.40)”.
Jesus
não reprova a atitude hospitaleira de Marta. Na verdade, ele, Jesus,
reprova a sua inquietação. Por mais que Marta estivesse se
esforçando em receber bem a Jesus, ela estava “chateada”, pois
Maria ouvia Jesus e ela, agitada, preparava tudo com muito carinho.
Diante
da indignação de Marta, Jesus, repetindo seu nome por duas vezes,
mostrou o quanto a amava. No entanto, ela havia se deixado levar pela
agitação do seu dia. Ao dizer “Marta! Marta!”, Jesus
desejava tocar seu coração para aquilo que de fato era importante e
necessário naquele momento. Assim, Jesus censura a Marta por causa
de sua mente dividida, ou seja, ela não sabia o que fazer. Não
sabia se deveria se preocupar com os seus afazeres ou se deveria
ouvir as palavras que Jesus estava transmitindo a Maria. Claro que a
censura de Jesus é suave, pois amava Marta e queria sua salvação.
O problema é que Marta estava inquieta, chateada.
Jesus
diz para Marta que o amor dela, por mais que seja demonstrado e
valorizado pela hospitalidade, ainda lhe falta algo.
Mas,
o que falta para Marta? Bem, Jesus não dá a resposta. No entanto, a
julgar pelo texto, pode-se concluir que Maria optou em não se deixar
distrair com nada. Ocupou-se apenas com uma coisa. Já Marta queria
fazer tudo ao mesmo tempo. Maria, aos pés de Jesus, ocupava-se de
apenas uma: das palavras de Jesus.
Maria
estava tão convicta da melhor parte que nem o fato de sua irmã
tê-la repreendido, falando com Jesus sobre a situação, a fez
desistir de ouvir as suas palavras. Nelas ela encontrou paz e
descanso, e justamente essa paz e esse descanso não lhe seriam
tirados (Lc 10.42).
Este
foi o convite de Jesus: Marta! Marta! Escolha descansar a sua alma
e o seu coração. Não fique ocupada e distraída com coisas que
também são importantes, mas que apenas lhe afligem. Ocupe-se com
aquilo que de fato vai lhe tranquilizar: a minha palavra.
Após
o convite de Jesus a Marta houve outros episódios entre eles, Maria,
Marta e Lázaro. Segundo o apóstolo João em seu Evangelho, Lázaro
foi ressuscitado pouco antes de Jesus ser crucificado em Jerusalém.
No relato de Lucas vemos Marta recebendo um valioso convite. Segundo
o relato do Evangelho de João, Marta parece confiante e tranquila,
tanto que confessa: “Eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho
de Deus que devia vir ao mundo (Jo 11.27)”.
O
convite amoroso de Jesus continua sendo feito: Fulano! Andas
inquieto e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é
necessário ou mesmo uma só coisa: a minha Palavra. Amém!
(Portas
Abertas 18 e Preciso Falar 25, pp.146-148)
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