1º Domingo após Trindade
Mateus 9.35-10.20
A Igreja que
Deus quer é a Igreja que nós somos?
O livro de êxodo nos conta a
história da saída do povo de Israel da escravidão do Egito e da sua caminhada
em direção à terra prometida. Pode ser que, olhando esta história meio que por
cima, a gente tenha algumas falsas impressões sobre esta longa viagem. Podemos
nos esquecer que o povo permaneceu viajando por muitos anos. Podemos nos
esquecer que o povo passou por muitas tentações. Podemos nos esquecer a razão
de aquele povo estar viajando naquele deserto em direção à terra prometida. Era
perigosos até esquecer de que Deus sempre fortalece o seu povo. Dizem alguns
historiadores que se esquecemos a nossa história, esquecemos a nossa
identidade. Se perdemos a nossa identidade, perdemos a nossa missão. Exatamente
sobre isso é que nos fala o texto de Êx 19.1-8, sobre identidade e missão,
sobre como devemos ser igreja de Deus.
A identidade do povo de Israel está
totalmente ligada à sua história. Quem nos chama a atenção para este fato é o
próprio Deus. Deus faz questão de lembrar daquilo que ele fez no passado quando
fala com o seu povo, mesmo que este passado esteja muito perto do presente. Não
fazia muito tempo que o povo de Israel havia saído do Egito, mas Deus fez
questão de dizer: “Tendes visto o que
fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim”.
Quanto mais o povo de Deus percebe
as suas limitações, mais percebe a necessidade que tem de estar sobre as asas
desta águia divina. Vejam como facilmente esquecemos de nossa história e de
nossa identidade. Ainda que recebamos milhares de bênçãos de Deus todos os
dias, nossa memória insiste em marcar aquilo que nos falta. Somos rápidos em
cobrar de Deus respostas pela falta de sossego, mas somos ainda mais rápidos
para citar novos problemas com nossa insistência em não perdoar, com nossa
insistência em não quere ouvir, com nossa insistência no pecado.
Se somos pessoas sujeitas ao
esquecimento, precisamos de alguém que nos lembre de quem nós somos. Quem
melhor para nos lembrar de quem nós somos do que aquele que tudo sabe, aquele
que jamais se esquece de nosso nome, aquele que nunca se esquece de estender as
mãos para nos alcançar, aquele que não se esquece de nos levar sobre asas de
águia até à sua presença?
Deus disse no deserto ao seu povo: “Tendes visto o que fiz aos egípcios”. Deus
disse por meio do Salmo 100: “Sabei que
o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos”. Deus disse por meio
do evangelista Marcos: “Quem crer e for
batizado será salvo”. Deus disse por meio do apóstolo Pedro em sua primeira
carta: “Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”. Deus nos diz hoje que temos uma identidade, e esta
identidade nos é dada por Cristo, por meio do qual somos chamados amigos de
Deus. Amigos esquecidos, é verdade, mas amigos muito amados por Deus e por esta
razão somos lembrados de quem nós somos.
Perder a identidade não é algo bom
como se diz por aí. Há quem diga que prefere ser uma metamorfose ambulante, mas
isto não pode ser bom. O melhor é sempre lembrar quem nós somos para que jamais
percamos a nossa missão. Este era o grande risco que corria o povo de Israel.
Deus os havia chamado para serem a sua nação santa e que fossem sacerdotes
reais. Seriam nação santa porque foram carregados por Deus e trazidos à sua
presença. Além disso, seriam sacerdotes porque intercederiam não somente por si
mesmos, mas pelo mundo inteiro.
Deus chama o mundo inteiro para que
venham, sirvam a Deus e lhe cantem
louvor. Para cumprir este chamado ao mundo, Deus coloca o seu povo como
porta voz. Mas o que dizer? É preciso falar daquilo que Deus nos lembrou, que
fomos trazidos bondosamente à sua presença, que Deus é amoroso e bondoso e que
jamais se esquece dos seus. Aquele que vive e morre no Senhor jamais será
esquecido na morte.
Diante de tudo isso, que igreja
somos? Somos aqueles que fazem sua própria vontade ou a vontade de Deus? Somos de fazer shows no templo para atrair
mais e mais pessoas com ideias falsas de como se deve adorar a Deus? Somos os
que cobram caro para curar todo tipo de enfermidade? Na Palavra de Deus está
escrito: “De graça recebestes, de graça
dai”(Mt 10.8). Desde que Deus fundou a sua igreja, chamando o povo de
Israel para ser seu e adorá-lo, não houve fidelidade do povo para com Deus.
Enquanto havia líderes que serviam e temiam a Deus, o povo era abençoado. Mas,
bastava o líder se desviar e a maioria do povo também se desviava. Como somos
hoje? Igreja de Deus e para Deus ou para nós mesmos? Olhamos com firmeza para a
cruz de Cristo e lembramos do seu sacrifício em nosso lugar ou desprezamos sua
obra redentora e fazemos o que achamos certo para agradar as pessoas. O
apóstolo disse que importa antes agradar a Deus do que as pessoas.(At 5.29).
A Igreja que Deus quer é a Igreja que
nós somos? Sempre é tempo de refletir sobre este assunto. Se estamos falhando
em ser igreja de Deus e para Deus, oremos para pedirmos força espiritual e nos
dediquemos mais ao serviço do Senhor, evangelizando, espalhando a semente do
amor verdadeiro, a paz de Cristo às pessoas. Deixemos de ser arrogantes.
Deixemos de vivr em grupinhos dentro da igreja, escolhendo quem faz parte ou
não deste grupinho. Nós somos a Igreja que Deus quer quando fazemos a sua
vontade e vivemos em UNIÃO total, primeiro com Cristo e uns com os outros.
A
Igreja de Deus, que somos nós, precisa de trabalhadores na sua seara. É tempo
sim de sair e proclamar o amor de Deus em todos os lugares e a todas as
pessoas.
Que
o bondoso Deus, em sua sabedoria, envie sempre seu Espírito Santo a nós e nos
capacite a sermos fieis testemunhas do seu grande amor. Cristo é para todos, em
distinção. Deus nos abençoe. Amém!
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