Portanto, se dizemos que estamos unidos com Deus e ao mesmo tempo vivemos na escuridão, então estamos mentindo com palavras e ações. Porém, se vivemos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos uns com os outros, e os sangue de Jesus, seu Filho, nos limpa de todo pecado (1Jo 1.6-7).
O apóstolo João, que tinha visto, ouvido e tocado em Jesus, a Luz do mundo, como ele mesmo conta nos v. 1-3 e como lemos também no Evangelho de João 20.19-31, nos diz no v. 5 que Deus é luz, e não há nele nenhuma escuridão. E então ele coloca a conclusão lógica que acabamos de ler nos v. 6 e 7.
Em outras palavras, seria como se João dissesse que se dizemos que somos corintianos e vivemos usando a camisa do Palmeiras, elogiando o Palmeiras e torcendo para o Palmeiras, ninguém iria acreditar que somos corintianos. São nossas palavras e ações que mostram o que realmente somos, e o que está em nosso coração.
Como cristãos, que creem no Cristo ressuscitado e vivo, queremos andar vivendo na Luz, que é o próprio Cristo. Esse viver na Luz traz consequências e comprometimentos lógicos para nossa vida, como João nos mostra na epístola de hoje. João diz que, vivendo na Luz:
1. Estamos unidos uns com os outros. Todos somos pecadores e iguais diante de Deus e, por sermos purificados do pecado pelo sangue de Jesus, somos unidos uns aos outros através do próprio Cristo, que é a cabeça do corpo, que é a Igreja, e é ele quem dá vida ao corpo, como diz Paulo em Colossenses 1.18. Unidos a Cristo e em Cristo, nos tornamos todos membros do seu corpo, que é a Igreja, onde cada um de nós é importante e tem sua função.
Por isso, não é possível viver na Luz e andar longe da igreja, dos irmãos na fé e da Palavra e Sacramentos, onde a Luz, que é Cristo, vem a nós. Em Hebreus 10.23-26 o apóstolo nos ensina: Guardemos firmemente a esperança da fé que professamos, pois podemos confiar que Deus cumprirá suas promessas. Pensemos uns nos outros a fim de ajudarmos todos a terem mais amor e a fazerem o bem. Não abandonemos, como alguns estão fazendo, o costume de assistir às nossas reuniões. Pelo contrário, animemos uns aos outros e ainda mais agora que vocês veem que o dia está chegando. Pois, se continuarmos a pecar de propósito, depois de conhecer a verdade, já não há mais sacrifício que possa tirar os nossos pecados.
2. Não dizemos que não temos pecados ou que não temos cometido pecados, pois assim nos enganamos a nós mesmos e ainda chamamos Deus de mentiroso. Isto parece bobagem, pois afinal sabemos que somos pecadores e que pecamos diariamente.
Mas, há muitos cristãos que pensam que, depois de convertidos, não pecam mais. Acham que cumprem os Mandamentos de Deus, ainda que a própria Bíblia diga que não um ser humano sequer que não peque. E isso leva ao orgulho – pensar que é melhor do que os outros crentes ou melhor que aqueles que ainda não creem em Jesus. E aí já estão pecando de novo, pois orgulho e soberba também são pecados.
Nós luteranos enfatizamos em cada culto que somos pecadores e precisamos da misericórdia e perdão de Deus. Mas, será que às vezes também não temos um sentimento de superioridade em relação a irmãos mais fracos na fé, ou com aqueles que não creem?
Será que não pensamos às vezes que não somos tão pecadores assim? Que nossa vida mostra grandes virtudes e obras de fé?
Muitas pessoas que não creem em Cristo também acham que pecado não existe, ou que o que é pecado para uns, para outros não é e o que importa é o amor (por exemplo, no homossexualismo).
3. Confessamos nossos pecados, confiando que Deus cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará nossos pecados e nos limpará de toda maldade. Isto é extremamente necessário, e não só em nossos cultos, onde confessamos juntos nossos pecados a Deus e buscamos o seu perdão.
Cada dia cada um de nós deve se colocar diante de Deus como aquele cobrador de impostos da história que Jesus nos conta em Lucas 18, e com toda a humildade dizer: Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador! Viver na Luz é reconhecermos que sozinhos voltamos para as trevas, e que precisamos a cada minuto de vida da Luz de Deus nos guiando e nos fazendo produzir frutos e obras da Luz.
Vivendo na Luz, lutamos para não pecar. Mas, se alguém pecar, temos Jesus Cristo, que faz o que é correto; ele nos defende diante do Pai, diz João em nosso texto (1Jo 2.1). Jesus não só dá o perdão aos que nele creem, mas morreu por todos os pecadores do mundo, como lemos no v. 2.2. Ele não só dá o perdão, mas Ele próprio foi o sacrifício dado a Deus para pagar pelos nossos pecados.
Por isso, viver na Luz significa que vivemos em Cristo e Ele em nós, como diz Paulo em Gálatas 2.20: Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim.
Porém, há alguém que não quer que vivamos na Luz – o diabo. Em 2 Coríntios 4.4 Paulo fala dos que não creem e diz que o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é.
O diabo, o deus deste mundo, quer nos levar de volta para as trevas, onde o pecado nos domina, nos separa de Deus e nos leva no caminho largo do inimigo, o caminho que leva à condenação eterna.
Para nos afastar da Luz, ele tenta nos atrair com todo tipo de artimanhas, usando com esperteza coisas agradáveis para nos fazer deixar de receber a Luz nos cultos, estudos bíblicos e na leitura da Palavra de Deus em nossa casa.
Ele pode usar a vontade de descansar, de passear, de relaxar na frente da TV, de dormir, de fazer coisas que, em si, não são erradas, mas que em certas horas tornam-se desculpas e barreiras para deixarmos de lado as coisas da Luz, especialmente a Palavra de Deus e a Santa Ceia, onde o próprio Cristo vem a nós. O diabo é tão astuto que Paulo diz que ele pode até se disfarçar e ficar parecendo um anjo de luz (2Co 11.14) e os seus servidores, diz Jesus em Mateus 24.24, aparecerão como falsos profetas e falsos messias, que farão milagres e maravilhas para enganar, se possível, até o povo escolhido de Deus.
Então, meus irmãos, vivendo na Luz, busquemos sempre a Jesus. Não nos deixemos enganar por outras luzes que podem ser brilhantes e atrativas, mas que na verdade vão, sem percebermos, nos levar para a escuridão da morte eterna.
Vivendo na Luz, vamos viver em união com nossos irmãos na fé, como viviam os primeiros cristãos (Atos 2 e 4), sendo sempre purificados pelo sangue de Jesus, como diz João, e sempre louvando ao Senhor, como nos mostra o Salmo 148.
Vivendo na Luz, somos enviados por Jesus para levar seu perdão a todos, para que todos creiam que Jesus é o Salvador prometido e, crendo, tenha vida por meio dele, como ouvimos no Evangelho de hoje. Ele nos diz: Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida Enquanto vocês tem a luz, creiam na luz para que possam viver na luz (Jo 8.12, 12.36).
Vivendo na Luz temos certeza de andar no caminho da salvação. Vivendo na Luz temos perdão para nossos pecados, direção certa para nossa vida e uma missão maravilhosa: refletir e espalhar a Luz, que é Jesus, para todos!
Vivendo na Luz, somos felizes, porque estamos salvos! Amém.
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