Leia em sua Bíblia Lucas 7.36-50 e Salmo 32.1-7
Estimados irmãos e
irmãs no Salvador Jesus.
O estudioso da Bíblia
Martin Franzmann, comentando sobre a história dos dois devedores em Mateus 18,
escreveu: “O reino dos céus significa que Deus, o Rei, por pura compaixão
divina perdoou a dívida e libertou o prisioneiro. Portanto existe uma
‘necessidade’ de perdão na vida do discípulo, uma compulsão de misericórdia que
não pode ser negada. O perdão é o chão onde o discípulo caminha, e o ar que ele
respira; ele só existe em termos de perdão. A Palavra do perdão que a igreja
ouve enche a igreja com perdão... Um homem... morre se ignorar isto. O
discípulo que não quer viver para com seu próximo na Palavra de perdão que ele
ouviu do seu Deus perde o direito à Palavra perdoadora de Deus. Se ele violar a
comunhão com o irmão que Deus colocou do seu lado, ele perde o direito à sua
comunhão com Deus” (Segue-me, p.
154-156 no original em inglês).
No Salmo 32 Davi nos fala de seus
sentimentos de angústia enquanto não confessou seu pecado ao Senhor, e de
alegria e alívio quando foi perdoado, como podemos ver em 2 Samuel 11 e
12.
Em Gálatas 2.15-21, 3.10-14 vemos que Deus nos aceita por meio da fé em Cristo, em quem temos perdão e
salvação, e não por cumprir leis ou obras humanas.
E no evangelho de Lucas 7.36-50 temos
o relato da mulher pecadora que mostrou grande amor a Jesus lavando seus pés
com suas lágrimas e secando com seus cabelos, beijando os pés de Jesus e
derramando um perfume neles.
Ao ser criticado pelo
dono da casa por deixar aquela mulher considerada pecadora e de má fama tocar
nele, Jesus contou uma pequena história de dois devedores que foram perdoados,
mas com uma diferença – um deles devia dez vezes mais que o outro. Confira novamente o que Jesus disse nos versículos 42c-47.
Em outras palavras,
Jesus mostrou a Simão que a demonstração de amor da mulher não foi feita para
conquistar o perdão de Jesus, o que seria impossível, como vemos na leitura de
Gálatas, mas justamente para mostrar o quanto ela se sentia perdoada e amada
pelo Mestre. Enquanto isso, o dono da casa não demonstrou a Jesus sequer a boa
educação que se esperava naquela época para com um convidado.
O que Simão fez não é
diferente do que nós muitas vezes fazemos ainda hoje: olhamos para os pecados
do outro e nos esquecemos que somos tão pecadores como qualquer pessoa. Como
diz Jesus em Mateus 7.3, por que é que
você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira
que está no seu próprio olho? Ou usando um ditado que conhecemos, “o macaco
nunca olha para o seu próprio rabo...”
Se fazemos isso com
muita frequência e não queremos dar ao outro o mesmo perdão que recebemos de
graça de nosso Pai, então o perdão não está sendo o ar que respiramos e o chão
no qual caminhamos, e o diabo está nos vencendo na luta espiritual.
Jesus diz que o seu
Espírito nos convence do pecado (Jo 16.8). Então, se não nos achamos tão
pecadores assim e que temos o direito de negar o perdão ao outro, demonstrando
pouco amor, como o fariseu Simão, é porque talvez não estamos deixando a
Palavra do Senhor enraizar-se em nosso coração e o Espírito agir em nós.
Outro ditado que
conhecemos diz que “mente desocupada é oficina do diabo”. Por isso, se
reconhecemos que Deus, através de Cristo, nos perdoou e perdoa muito todos os
dias, em vez de ficarmos fiscalizando o pecado e os defeitos dos outros,
criticando e julgando, demonstremos muito amor a Jesus como fez aquela mulher.
E como fazemos isso hoje? Você pode, por exemplo:
· Dar aula ou auxiliar
na Escola Bíblica;
· Visitar doentes e
necessitados, especialmente os irmãos na fé;
· Visitar ou telefonar
para pessoas que visitaram sua congregação, ou que estão afastadas da comunhão
de fé;
· Ajudar no serviço
social da congregação;
· Ajudar mães ou pais
solteiros ou viúvos a criar seus filhos;
· Ajudar no trabalho
missionário e evangelístico da congregação, distribuindo folhetos e material da
igreja em seu bairro, trabalho, escola, etc;
· Perguntar ao seu
pastor e diretoria sobre outras oportunidades de ajudar no trabalho do Reino de
Deus, dentro e fora da igreja.
Lembramos hoje (24.06) os 109
anos de nossa IELB. São anos de muitas bênçãos do Senhor sobre nossos
antepassados e sobre nós hoje, anos em que o nosso pecado abundou, mas o perdão
de Deus superabundou, como diz o apóstolo Paulo.
Temos como lema
“Cristo para todos” e, no entanto, nosso crescimento numérico é minúsculo. É
sempre oportuno, então, fazermos autocrítica e nos perguntamos: por que
crescemos tão timidamente, se há mais de 20 anos repetimos esse lema tão
bonito?
Será que um dos
motivos não é porque agimos como o fariseu, que achou que aquela mulher aos pés
de Jesus não era digna do perdão? Ou seja, na prática nem sempre o nosso Cristo
é para todos mesmo? Ou quem sabe muitas vezes agimos como Davi, que durante
muito tempo tentou esconder seu pecado, como lemos no Salmo 32 – tentamos
encobrir nossos pecados, nosso comodismo e frieza com todo tipo de desculpas,
às vezes atacando e criticando os outros para desviar a atenção dos nossos
próprios pecados?
Que maravilha, meus
irmãos, que o Jesus que aceitou a demonstração de amor daquela mulher pecadora
é o mesmo Jesus que diz a nós hoje o que disse a ela: Os seus pecados estão perdoados. A sua fé salvou você. Vá em paz.
Quando Davi, depois
de ouvir a história e a repreensão do profeta Natã, disse: Eu pequei contra Deus, o SENHOR, imediatamente o profeta lhe
respondeu: O SENHOR perdoou o seu pecado,
você não morrerá. Por isso ele exclama no Salmo 32: Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!
Este Deus oferece
diariamente a mim, a vocês e a todos os pecadores o mesmo perdão que ofereceu a
Davi, à mulher pecadora e também ao fariseu Simão. E Ele mesmo nos move,
através da sua Lei, a reconhecermos e confessarmos nossos pecados, para então receber
seu gracioso perdão através do Evangelho.
Este, meus irmãos, é
o grande e principal “produto” ou “mercadoria” que nós, como cristãos luteranos
da IELB, oferecemos ao mundo em que vivemos, às pessoas que Deus coloca em
nosso caminho no dia a dia: o perdão de Deus que recebemos em Cristo.
Ao celebrarmos 109
anos de trabalho e bênçãos do Senhor sobre nós aqui no Brasil, lembremos da
palavra de Jesus a Simão: o grande amor
que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram perdoados. Mas onde pouco
é perdoado, pouco amor é mostrado. Ou seja, muito perdão gera muito amor!
Que o muito perdão
que recebemos em Cristo produza em cada um de nós muito amor a Jesus, que vamos
demonstrar amando sua Palavra – valorizando os cultos, estudos bíblicos e oportunidades
de crescer no conhecimento e na fé – e amando o próximo, colocando tudo o que
somos e temos a serviço do outro, dentro e fora da igreja, para que as pessoas
vejam em nós sempre o Cristo que perdoa e nunca o fariseu que critica e se acha
superior.
Que o perdão de Jesus
seja sempre o ar que respiramos e o chão no qual caminhamos, e assim de fato
levaremos Cristo para todos, pois muito
perdão gera muito amor! Amém.
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