Leia em sua Bíblia Lucas 14.25-35
O dia
da independência, que lembramos no último dia 07, nos faz pensar em liberdade, em não
sermos dependentes e submissos, seja a um grupo de pessoas ou a outro país,
como era o Brasil submisso a Portugal.
Na vida
pessoal, quando chegamos à adolescência e vamos crescendo, geralmente queremos
ser independentes, tomar nossas próprias decisões e ter nosso próprio estilo de
vida, ser “donos do próprio nariz”.
E, no
mundo de hoje, cada vez mais se fala em independência, liberdade e direitos e
as pessoas buscam um estilo de vida que seja o mais fácil, prazeroso e sem
dificuldades possível, sem sofrimentos ou dores.
Na
contramão do mundo, estamos nós, os cristãos. Por que na contramão? Porque ser
cristão, discípulo e verdadeiro seguidor de Jesus sempre tem a ver com cruzes –
confiar na sua cruz e carregar a nossa própria cruz. Nosso estilo de vida é
moldado pela cruz – não pela ausência dela, e pela dependência e submissão a
Cristo.
No
Evangelho de hoje, Jesus deixa isso bem claro: Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu
vou morrer e me acompanhar, ou, numa tradução mais literal do versículo 27,
quem não carrega a sua própria cruz e vem
após mim, não pode ser meu discípulo.
No
versículo 26 Jesus mostra como esse estilo de vida da cruz é sério, profundo e
comprometedor, pois não podemos amar nada nem ninguém mais do que a ele, nem a
nós mesmos. Cristo tem que ser nosso maior amor e, ou o amamos e odiamos
qualquer coisa que possa ficar entre nós e ele, ou não podemos ser seus
discípulos!
Isso
parece muito radical, e de fato é. Aqui e em outros textos Jesus nos mostra que
não há meio termo em relação a Ele - não se pode ficar em cima do muro ou
segui-lo apenas de longe. Em Mateus 12.30, por exemplo, Jesus diz que quem não é a meu favor é contra mim; e quem
não me ajuda a ajuntar está espalhando.
É claro
que Jesus não está pregando o ódio contra familiares e amigos, mas ao mesmo
tempo que nos ensina a amar até os inimigos, Ele nos mostra que, se necessário,
para segui-lo e compartilhar o que é dele, precisamos nos afastar de quem quer
nos impedir de ser seus discípulos – isto é a cruz que carregamos por crer e
seguir a Cristo.
Quando,
nos versículos 28 a 30, Jesus compara o discipulado à construção de uma torre e
a uma grande batalha contra um rei que tem o dobro de soldados que nós, Jesus
mostra como o discipulado é valioso e nos chama para grandes coisas – construir
nossa vida sobre Ele e com Ele vencer o inimigo, o diabo.
Para
isso, ele diz que temos que calcular se vamos ter condições de terminar a torre
e de vencer o exército mais numeroso. E aí vemos que, sozinhos, não vamos passar
do alicerce, e teremos que nos render ao inimigo, por mais recursos que
tenhamos. E, se não queremos lutar, a única maneira de evitar a guerra contra o
diabo é abandonarmos Jesus e ficar submissos ao poder de satanás.
Por
isso é que Jesus diz no versículo 33: Assim
nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem, isto
é, o discipulado e a salvação são coisas tão grandes e valiosas que nada do que
temos pode servir para consegui-las. Quando vamos a Jesus completamente vazios,
humildes, sem confiar em nós mesmos ou achar que podemos ser independentes, aí
então Ele pode nos encher com o que é dele, e com isso a torre será construída
e a guerra será vencida.
Para
nos dar essa vitória, Jesus também foi radical. Ele não apenas pregou sobre
amor e sacrifício pelo próximo, mas deixou-se matar na cruz para provar seu
amor por seus inimigos – nós, pecadores. Ele deixou tudo o que tinha e carregou
sua cruz para dar-nos a verdadeira liberdade – liberdade do pecado, da morte e
do diabo.
Jesus
não escolheu o caminho fácil, um estilo de vida agradável, sem compromisso e
sem problemas. E nós, como estamos vivendo nosso cristianismo? Como você avalia
sua vida diante do que Jesus diz: quem
não carrega a sua própria cruz e vem após mim, não pode ser meu discípulo.?
Cada
vez mais vemos pessoas buscando um cristianismo “light”, fácil, sem
compromissos nem sacrifícios, sem lutas nem incômodos. E muitos luteranos são
assim, ou não?
Vemos
sempre de novo, em todo lugar, irmãos que pouco ou nada fazem para apoiar e
fazer crescer o trabalho do Reino de Cristo, mas que pensam ser “tão bons”
quanto os membros fiéis e ativos da igreja, pois afinal, recebem a salvação
pela fé e não pelo que fazem.
É
verdade que foi Jesus que nos escolheu e nos colocou em seu Reino, por sua
graça. Mas, uma vez que estamos em seu reino, precisamos viver de modo digno
do Rei Jesus, sabendo que não merecemos sua salvação e, por isso, valorizando
essa bênção acima de qualquer coisa.
Sobre
isso Lutero diz: “Isto precisa ser enfatizado contra todas essas pessoas
ousadas e imprudentes que dizem ‘eu tenho a promessa, eu receberei o que é
prometido, mesmo que não faça nada...’. As promessas não nos são dadas com o propósito
de roncarmos, sermos preguiçosos e dormirmos, ou para fazer o que está em
conflito com a promessa. Não, elas são dadas para trabalharmos, sermos
vigilantes e produzirmos frutos” (Luther’s Works, v.5, p.273-74).
Meus
irmãos, se queremos ser realmente seguidores de Jesus, não há outro caminho: quem não carrega a sua própria cruz e vem
após mim, não pode ser meu discípulo, diz nosso Senhor. Não existe
cristianismo fácil – nossa fé envolve carregar a cruz, ou não é fé em Jesus. Na
prática, isso significa, entre outras coisas:
- que
você precisa escolher, por exemplo, entre vir ao culto ou estudo bíblico ou
fazer outra coisa naquela hora;
- que
você precisa escolher apoiar o reino de Deus com o dinheiro e bens que Ele lhe
dá, ou ignorar o que Deus quer e usar tudo em outras coisas;
- que
você precisa escolher submeter-se à Palavra de Deus, às suas orientações e
repreensões também, ou fazer o que você acha que é certo;
- que
você precisa escolher entre perdoar sempre, como Deus faz com você todos os
dias, ou ser orgulhoso e guardar rancor contra o próximo.
- que
você precisa escolher entre mostrar sua fé no dia a dia, com palavras e ações,
ou fingir que não conhece Jesus, como fez Pedro...
Para
que nós possamos fazer tudo isso e carregar nossa cruz, Jesus carregou a pior e
mais pesada cruz por nós – a cruz dos nossos pecados, sobre a qual Ele pagou
com sua vida para podermos receber vida e salvação, de graça.
Ele se
deu por nós para sermos seus discípulos e podermos dar aos outros o que Ele nos
dá: darmos às pessoas as palavra da salvação, darmos ajuda material e
emocional, e, principalmente o que elas mais precisam para ter uma vida
abundante e verdadeiramente livre – o amor e a força de Cristo que elas
precisam quando estão fracas, deprimidas, sem esperança ou sem coragem para
seguir em frente.
Jesus
carregou a cruz por nós, construiu a torre da salvação e venceu o inimigo.
Carreguemos a nossa cruz e sigamos Jesus com a força que Ele nos dá na sua
Palavra e Santa Ceia. Confiemos em seu amor e deixemos de lado tudo o que pode
nos afastar dele. Sigamos o que Moisés diz em Deuteronômio 30.20: Amem o SENHOR, nosso Deus, obedeçam ao que
ele manda e fiquem ligados com ele. Assim vocês continuarão a viver...
É
Jesus, que carregou a maldita cruz por nós, quem nos dá o amor de Deus e nos
capacita a carregarmos nossa cruz, até a vida eterna. Guiados e amparados por
seu amor, carreguemos nossa cruz! Amém.
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