Leia em sua Bíblia Mateus 1.18-25
Nos últimos dias ouvimos falar muito da
morte, das homenagens e do sepultamento do líder sul-africano Nelson Mandela,
considerado um dos grandes exemplos de luta pela liberdade, igualdade entre as
pessoas, pela paz e colaboração entre os homens.
Falou-se da sua humildade, e recomendo
que assistam o filme Invictus,
baseado em fatos reais e que mostra que ele era realmente humilde, perdoador,
simples e sem rancor contra os que lhe haviam feito mal por 30 anos.
Mandela, nascido humilde, desprezado
por sua cor e raça, humilhado e preso por 27 anos, com paciência e perseverança
conseguiu seu objetivo de terminar com a separação racial em seu país e ajudar
seu povo a viver com mais harmonia e cooperação.
Podemos dizer que, até o fim, a vida de
Mandela foi uma história de humildade, pois quando poderia ter sido reeleito
presidente, preferiu não concorrer e, ao morrer, escolheu ser enterrado na vila
simples onde nasceu. O presidente Obama, em seu discurso na homenagem a
Mandela, falou sobre sua humildade, dizendo que muita gente admira e elogia
Mandela, mas não segue o seu exemplo nas relações humanas.
Esta foi uma bela história de humildade
e de serviço ao próximo. Mas, há outra história que conhecemos que é também uma
maravilhosa história de humildade e serviço ao próximo: A Salvação: uma história de humildade.
O Evangelho de Mateus 1.18-25 nos conta
de maneira bem resumida como começou esta história da salvação, mostrando que
tudo foi muito simples, sem grandes anúncios ao mundo (somente aos pobres
pastores de Belém), e sem homenagens ou discursos, como foi na morte de
Mandela.
A salvação é uma história de humildade.
Deus começa a cumprir a promessa de enviar o Emanuel, Deus conosco, como
ouvimos em Isaías 7, de forma muito simples e humilde:
- Com uma moça simples, Maria, que talvez tivesse planos e sonhos com seu noivo José, como qualquer outra moça de sua idade, mas que aceitou humildemente e sem questionar a tarefa que Deus lhe dava, de ser a mãe do Salvador prometido, como vemos em Lucas 1.
- Com um homem simples, justo e amoroso, que ao saber que sua noiva estava grávida, buscou a forma de prejudicá-la o menos possível, pois se a denunciasse por adultério, ela poderia até ser morta. Avisado por Deus de que o Espírito Santo a tinha engravidado, José assumiu a paternidade, abrindo mão de dar o nome à criança e de ter relações com sua esposa até o filho nascer.
- Com um nascimento na vila em que Deus havia dito no Antigo Testamento, Belém, onde José foi com Maria para o recenseamento. Ali, não em um palácio, hotel, clínica ou hospital, mas na simples estrebaria, lugar dos animais, o Rei da glória, Deus, o SENHOR, forte e poderoso, como lemos no Salmo 24, nasceu humildemente.
- Com os primeiros visitantes, humildes pastores de Belém, gente simples e desprezada na sociedade, que souberam do nascimento do Deus conosco pelo coro dos anjos de Deus.
Sim, meus irmãos, a salvação é uma história
de humildade, que continuou em humildade e terminou em humildade com uma morte
tão inesperada como o seu nascimento: o Salvador Jesus não morreu com a espada
na mão ou sobre um cavalo na batalha contra os romanos, ou liderando uma
revolução popular, ou um velhinho, admirado por todos e cheio de homenagens,
como Mandela – morreu humilhado como um criminoso em uma cruz, totalmente
derrotado, aos olhos do mundo.
A Salvação:
uma história de humildade.
Mesmo parecendo óbvio, meus irmãos, precisamos lembrar que Deus quer nos dizer
alguma coisa com esta história de humildade:
- Que Ele, o Deus Todo-poderoso, Criador de tudo, Santo e Justo, não veio e não vem a nós em coisas grandiosas, espetaculares ou admiradas pelo mundo, mas na simplicidade de um casal como Maria e José, na simplicidade de uma estrebaria e de uma cruz.
- Que, em vez de vir como Deus puro e simples, escolheu ser como um de nós, passando por todas as etapas de crescimento e vida que passamos, sentindo o que sentimos e sendo tentado como nós somos, mas não pecando.
- Que, em vez de vencer o diabo, o mundo e o pecado de maneira espetacular e grandiosa, cumpriu a Lei de Deus em nosso lugar vivendo sob pais humanos e recebendo na cruz o nosso castigo.
- Que hoje, em vez de se revelar em coisas chamativas e agradáveis aos seres humanos, Ele se revela em coisas bem simples, humildes e concretas: na Palavra - a Bíblia, na água do Batismo, no pão e vinho da Santa Ceia, e em pessoas pecadoras como eu e vocês, quando anunciamos seu amor e salvação aos outros.
E, obviamente, além de nos convidar e
fazer crer em Jesus, através do mesmo Espírito Santo que fez Maria ficar
grávida, Deus quer que não apenas admiremos e falemos bem de Jesus, como muita
gente faz com Mandela, mas que sejamos na vida do dia a dia, humildes,
perdoadores, pacientes e praticantes com os outros do mesmo amor que Jesus
Cristo teve e ainda tem por nós.
A Salvação:
uma história de humildade. Na
simples e humilde Palavra de Deus, no humilde Batismo, na humilde Santa Ceia e
em nossos humildes irmãos na fé, Jesus continua a história da salvação para nós
e para todas as pessoas.
Então, meus irmãos, como Maria e José,
sejamos humildes e não desprezemos, de jeito nenhum, a maravilhosa salvação de
Deus em Cristo – não desprezemos a Palavra e Sacramentos, não desprezemos os
irmãos na fé e o Corpo de Cristo, que é sua Igreja.
Como Maria, José e o próprio Jesus,
aceitemos a missão que Deus dá a cada um de nós, para que juntos possamos mais
e melhor comunicar sempre Jesus, a fonte da água viva, a muita gente.
Mandela teve uma história de vida muito
humilde e bonita, que serve de exemplo para todos nós.
Porém, a história da salvação de Jesus
é muito mais do que uma história de humildade: é a historia da nossa salvação,
pois Jesus não é só um bonito exemplo: Ele é o próprio Deus, o Rei da Glória, o
Salvador de todo o mundo, o meu Salvador, o seu Salvador!
A Salvação:
uma história de humildade.
Bendita história! Amém.