Esta foi a verdade que Lutero redescobriu e trouxe ao povo! |
Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém – foi o que disseram os judeus que ouviram Jesus dizer, em nosso texto, que se eles permanecem na palavra dele, conheceriam a verdade e seriam livres de verdade.
Na verdade o povo judeu já tinha sido escravo do Egito e Babilônia e na época de Jesus eram dominados pelo império romano. Mas Jesus não estava falando aqui desse tipo de escravidão. Ele falava de uma escravidão muito pior – a escravidão do pecado.
A escravidão ao pecado é pior que qualquer outra e é terrível. É terrível porque usa o disfarce da liberdade para nos esconder a verdade, como aconteceu com os judeus que ouviam Jesus.
A escravidão ao pecado nos ilude, dando-nos a impressão de que somos livres e podemos vencer o pecado sozinhos. Nos faz pensar que não somos escravos de nada nem de ninguém e que podemos fazer com nosso corpo e nossa vida o que acharmos melhor.
Mas a Palavra de Deus é clara. Ela diz que já nascemos pecadores e que aquele que vive no pecado é escravo dele. Paulo diz que as pessoas que vivem de acordo com a natureza humana tem a sua mente controlada por essa mesma natureza... e acabarão morrendo espiritualmente (Rm 8.5-6). O perigo é justamente acharmos que não somos escravos dessa natureza pecaminosa.
A escravidão ao pecado é terrível também porque nos faz achar que estamos no controle da situação, pensando: “posso para quando eu quiser”. É como o viciado em bebida ou cigarro, que nunca acha que tem o vício e diz que para quando quiser – puro engano! O pecado nos hipnotiza e nos faz ter essa ilusão, de que o controlamos, mas ele é que nos controla, como o vício que controla o viciado.
Mas, o mais terrível na escravidão ao pecado é que ela nos conduz à morte eterna. Cegos, iludidos e enganados pelo pecado, andamos, sem perceber, pelo caminho que nos leva à condenação, pois o salário do pecado é a morte, diz Paulo (Rm 6.23a).
Esta é a situação de cada ser humano ao nascer – é também nossa situação, como diz Paulo em Rm 3: todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Se algo não acontecer, se alguém não interferir, todos seremos condenados, pois o pecado nos afasta completamente do Deus vivo, santo e justo.
É aí que entra a mensagem que lembramos especialmente hoje, quando celebramos a Reforma, mensagem que Lutero, guiado por Deus, redescobriu na Palavra de Deus: Cristo nos liberta da escravidão que cega e mata!
Jesus diz no Evangelho de hoje: Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres. A libertação conquistada por Cristo para todos nós teve um custo enorme: ela foi conseguida à custa da sua liberdade e vida. Ele não tinha pecado, mas tornou-se prisioneiro do nosso pecado sobre a cruz.
Ele podia fugir daquela morte horrível, mas ofereceu-se a si mesmo como sacrifício por nós. Desprezando sua própria liberdade, ele trouxe liberdade a todo o mundo como seu santo e precioso sangue. Por todos os nossos horríveis pecados, Cristo se deu e, por esse dom, somos libertos da escravidão que cega e mata.
Ele deu sua vida por nós na cruz, mas ali na verdade começou sua vitória sobre o pecado, o diabo e a morte. Ressuscitando, Jesus é nosso Salvador e libertador, cumprindo sua missão e tornando-se a única Verdade que liberta, pois foi o único a dar sua vida por nós seres humanos pecadores, mesmo sem merecermos.
Cristo nos liberta da escravidão que cega e mata! Mas esta libertação de nada valeria se não chegasse até nós. Isto foi uma das coisas que levaram Lutero a propor a reforma da igreja na sua época: as pessoas não tinham mais acesso ao Evangelho, à vitória de Jesus sobre o pecado, ao seu perdão, vida e salvação.
Tudo isso estava sendo escondido do povo, e as bênçãos de Deus estavam sendo vendidas na forma de indulgências, isto é, documentos pagos que prometiam o perdão de Deus às pessoas - não muito diferente do que vemos hoje em algumas igrejas!
Assim como a liberdade conquistada por Cristo na cruz não nos custou nada, agora ela também nos é dada de graça, pela Palavra e Sacramentos.
No Batismo recebemos o perdão, vida e salvação, a libertação de Cristo ao sermos unidos a Ele – morremos e ressuscitamos com Jesus no batismo, nos ensina o apóstolo em Rm 6.
Depois, Deus usa a Palavra e a Santa Ceia para manter, alimentar e fortalecer essa fé recebida no Batismo. Em todos esses meios da graça é o ES de Deus que age, nos oferecendo e dando, de graça, as bênçãos conquistadas por Cristo para nós na cruz.
Permanecendo no ensino, na palavra de Cristo, seremos seus discípulos, conhecendo a Verdade e sendo assim verdadeiramente livres. O diabo foi derrotado por Jesus, mas continua vivo e quer nos desviar da fé salvadora. Ele quer nos fazer pensar que não precisamos tanto assim de Jesus, da Palavra e dos sacramentos.
Cristo nos liberta da escravidão que cega e mata! Para nos salvar da escravidão, Jesus nos revelou a Verdade – a verdade da cruz e do túmulo vazio, a única Verdade que liberta.
Esta liberdade, que é nossa somente pela graça de Deus, revelada somente na Escritura e dada a nós somente pela fé em Cristo, foi a grande redescoberta da Reforma de Lutero.
Esta é a verdade de Cristo, do apóstolo Paulo e de toda a Bíblia, a única Verdade que nos faz ser completamente livres. E então, libertos da escravidão que cega e mata, nós somos hoje herdeiros da Reforma e mensageiros da Verdade que liberta!
Que Deus dê a cada um de nós hoje a mesma coragem, ânimo, confiança e consagração ao Evangelho que deu a Lutero e seus colaboradores, pois há muita gente que ainda não sabe que a salvação é de graça, pela fé em Jesus e revelada na Escritura.
Cristo nos liberta da escravidão que cega e mata! Levemos esta libertação a todos, seguindo o exemplo dos reformadores! Amém.
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