Leia em sua Bíblia Colossenses 3.1-11
Dificilmente as pessoas estão satisfeitas
consigo mesmas. Que muitos não gostam de seu corpo como está, as academias de
ginástica, os exercícios, as dietas e os remédios para emagrecer não deixam
dúvida. As pessoas sempre querem parecer e sentir-se mais bonitas, e aí entram
as roupas da moda, os cosméticos e as plásticas. Muitos querem também mudar
seus pensamentos e sentimentos e vemos isso pela grande procura de livros de
auto-ajuda e pensamento positivo, de cursos psicológicos e de motivação, e até
de novas religiões e filosofias. Enfim, as pessoas querem ter uma atitude nova
e diferente em relação à vida.
As nossas
próprias tentativas de criar um “novo eu” dentro de nós geralmente são
centradas em nós mesmos e funcionam apenas parcial e temporariamente. O texto
de Colossenses, porém, quer nos mostrar que um “novo eu” não é produto meu e
nem é contrário à vontade de Deus. Na verdade um “novo eu” é exatamente o que
Deus quer e torna possível para nós. Mas o “novo eu” que Deus cria não se
limita à aparência física e aos sentimentos. Deus muda corações e mentes!
Há, então, duas
maneiras de se buscar o “novo eu”: a maneira de Deus e a maneira do homem. No
modo humano, você procuraria modos de mudar o seus pensamentos e comportamento.
Tentaria, por exemplo, limpar sua linguagem suja, não falando mais palavrões e
palavras destrutivas. Tentaria não ter mais preconceitos. Tentaria aproveitas
as oportunidades de ajudar o seu próximo. Tentaria não ver e ouvir coisas que
levam ao pecado. Tentaria não ser egoísta e avarento, estando satisfeito com o
que Deus lhe dá. Enfim, você tentaria ao máximo fazer dos 10 Mandamentos um
guia para sua vida.
Tudo isso até
poderia deixar impressionados os seus conhecidos: “Nossa, como ele mudou!” Mas
os mesmos Mandamentos que lhe serviram de modelo para a vida mostrariam que a
sua mudança foi ilusória, pois eles apontam os seus pecados. O “velho eu” ainda
estaria lá, escondido dentro de você e sem ter mudado nem um pouquinho! Ele
saberia que tudo foi mudança só por fora – uma maquiagem, uma hipocrisia. O
“velho eu” sabe que o único jeito dele sobreviver dentro de você é
convencer-lhe de que ele não é tão ruim assim. E você, por causa desse “velho
eu”, quer acreditar que tudo o que você precisa fazer para agradar a Deus é
fazer pequenas mudanças e deixar lá esse “velho eu”.
Esse é o modo
humano de fazer o “novo eu”: é colocar uma boa maquiagem no “velho eu”. Mas,
não importa o quanto você tente melhorar o “velho eu”, a lei de Deus continuará
a condená-lo. Não importa o tamanho do seu esforço, pois a vontade do “velho
eu”, num momento de fraqueza, cairá em pecado, quebrará a lei de Deus e vai
assim revelar a sua hipocrisia.
O modo de Deus
dar o “novo eu” é bem diferente. Vocês já
abandonaram a natureza velha com os seus costumes e se vestiram com a nova
natureza (vv. 9-10). A figura que Paulo usa é a de tirar a roupa velha e
colocar uma nova. Paulo não diz: “Tirem a roupa cheia de pecado, lavem e
coloquem de novo.” Não! Ele diz: “Tirem, rasguem, joguem fora e livrem-se
dela!”
Deus nem tenta
mudar nosso “velho eu”. Deus o mata! A vontade de Deus não é que você reforme seu
“velho eu”, mas que você faça morrer os
desejos deste mundo que agem em você: a imoralidade, a indecência, as paixões
baixas; os maus desejos e a cobiça, pois a cobiça é um tipo de idolatria
(v. 5). Deus quer que você mate sua raiva,
a paixão e os sentimentos de ódio, os insultos e a conversa indecente, e a
mentira (vv. 8-9).
Mas como fazer
isso? Deus usou o método romano de execução. Ele usou a cruz para matar e
livrar-se do nosso “velho eu”. Paulo escreveu: Eu fui morto na cruz com Cristo. Assim já não sou eu quem vive, mas
Cristo é quem vive em mim. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a sua
própria natureza humana, junto com todas as suas paixões e desejos (Gl
2.19,20; 5.24).
Esta
crucificação do “velho eu” acontece no batismo, quando a cruz de Cristo é
aplicada a você. O pecado da sua vida foi pago pelo sangue de Jesus derramado
na cruz. Você foi enterrado com Cristo no
batismo… Você morreu com Cristo e está livre dos espíritos maus que dominam o
universo (Cl 2.12,20). Esta morte e sepultamento libertam você da tarefa
impossível de tentar reformar o seu “velho eu”, já que ele agora está morto.
Você está
livre para receber o “novo eu” que vem com um presente de Jesus. No batismo
você também participa na ressurreição de Cristo. Quando fomos batizados, fomos enterrados com ele por termos morrido
junto com ele. E isso para que, como Cristo foi ressuscitado pelo poder
glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova (Rm 6.4). Vocês ressuscitaram com Cristo… Portanto
ponham o seu interesse nas coisas que estão no céu… Vocês já morreram, e as
suas vidas estão escondidas com Cristo (vv. 1,3). Para completar a figura
da roupa, Paulo diz: Pois vocês foram
batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se vestiram com a pessoa do
próprio Cristo (Gl 3.27).
Assim, meu
irmão e irmã, você não é uma nova pessoa porque de alguma maneira você sabe
agora como comportar-se. Você é uma nova pessoa porque você foi batizado,
você morreu e foi ressuscitado com Cristo, e agora você sabe em o quê crer!
Viver o “novo eu” é uma questão primeiro de fé e depois de obras, pois Cristo nos veste com o “novo eu”!
Quando você
olha para si mesmo, você vê seus pecados. Quando você olha para fora de
você mesmo para Jesus Cristo, você vê sua nova identidade, sua justiça
perfeita, sua posição gloriosa com Deus nos lugares celestiais. A sua vida
neste mundo, a sua paz, sua alegria e contentamento não depende de como você
olha as coisas. Depende de onde você olha: para você mesmo ou para Cristo!
Quando nós nos
concentramos em nossa ressurreição com Cristo, o “velho eu” é vencido. Cristo
está à mão direita de Deus, que é a posição de poder e autoridade. Quando
estamos sob o ataque do “velho eu”, voltar-se para Cristo nos garante a
vitória. Assim a nossa vida, em união com Cristo, é baseada na sua morte e
ressurreição, e não apenas em alguns ensinos ou em milagres.
Deus nos dá
nova vida através de nossa morte e ressurreição com Cristo no batismo. Mas isso
não significa que o “velho eu” não nos tenta e não nos fere. Não significa que
já podemos ficar satisfeitos com o testemunho de nossas vidas. A perfeição
ainda nos engana e a fraqueza aparece. Mas a verdade é que o poder do “velho
eu” já não existe! Nós tomamos para nós o “novo eu” que Cristo nos dá.
Nós que fomos
enchidos com o ES no batismo não encontramos nossa satisfação em nós mesmos.
Nós estamos satisfeitos com Cristo. Cristo
nos veste com o “novo eu”! Ele nos transformou, e cada um de nós é novo. E
a vida do “novo eu” em nós, com Cristo, é a nova vida:
· pela ressurreição!
· em união com Deus!
· em progresso constante!
· que olha para o céu!
· que vive na esperança da
glória com Cristo!
Meu
irmão e irmã, Cristo nos veste com o
“novo eu”! Ele vestiu você no batismo e continua a vesti-lo através da
Palavra e da Santa Ceia. Por causa do manto de justiça que recebemos de Cristo,
nós “estamos no mundo, mas dele não somos”, como cantamos em um hino. Não
tente então reformar o seu “velho eu”, pois isso não vai funcionar. Lembre-se a
cada dia que Cristo nos veste com o “novo eu” e, como ensina Lutero,
afogue o “velho eu” por arrependimento e fé a cada dia, buscando o perdão de
Cristo para receber o “novo eu” e ter forças para viver esse “novo eu” com
Cristo.
Que Deus, através de Cristo, dê a cada um de
nós o “novo eu” todos os dias, e nos dê a vida eterna. Amém.
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