4º
Domingo após Pentecostes
Lucas
7.36-8.3
Gratidão
e Perdão!
Uma das atitudes que
mais causa indignação e repulsa é a falta de gratidão. Por
exemplo, conta-se uma história de um pai dedicado aos seus filhos.
Em tudo o que faz sempre pensa no bem-estar dos filhos e do lar.
Certa época, o filho desejava muito ter um determinado brinquedo e
ao passar diante de uma vitrine começou a fazer um escândalo. O
pai, sem saber como reagir, pois não tinha condições de comprar o
brinquedo, tentava acalmar a criança. Neste momento ele começa a
lembrar-se de todas as dificuldades que havia passado naquela semana:
sua mãe estava doente, seu trabalho era pesado, suas contas para
pagar eram muitas e o salário tão pouco. Mas ele faz uma promessa
para a criança: no próximo final de semana ele compraria o tão
sonhado brinquedo.
Embora ele não
tivesse ideia de como fazer para juntar todo o dinheiro, ele
trabalhou ainda mais duro, deixou de comer no almoço para poder
economizar o suficiente. Quando chegou o dia marcado ele havia
conseguido o valor total. Correu até a loja com uma ansiedade imensa
e sentiu o seu coração partido quando observou que aquele
brinquedo havia tido o seu preço aumentado. Ele respirou fundo e
mesmo assim entrou na loja, conversou com o dono da loja e explicou a
sua história. O dono, comovido pelo esforço do pai, concedeu um
prazo maior para que este pagasse a diferença do preço.
E lá foi o pai,
todo orgulhoso, pois havia conseguido comprar o brinquedo que seu
filho desejava – um brinquedo que ele mesmo nunca teve parecido. Ao
chegar em casa e entregar o presente ao filho, ele simplesmente o
ignorou. Agora não mais desejava aquele brinquedo, mas outro
qualquer.
Imaginem como ficou
o coração deste pai! Quais sentimentos devem ter passado em sua
mente?
Talvez esta história
tenha feito você lembrar-se de momentos onde esteve presente a
ingratidão; momentos em que você se esforçou para fazer alguém
feliz e quando conseguiu a pessoa não deu valor. Ou então, talvez
você esteja se lembrando de momentos em que você foi ingrato com
alguém.
Imagine como o mundo
seria muito melhor se as pessoas tivessem mais gratidão em seus
corações! Como elas seriam mais felizes!
Mas apesar do que
podemos imaginar que aconteceria, esta gratidão toda ainda seria
insuficiente para apagar a mancha do pecado que está no coração
das pessoas. É por causa desta mancha que a ingratidão ganha cada
vez mais espaço. O grande problema não é a ingratidão, mas o
pecado do ser humano.
Foi o pecado que fez
com que Davi levasse Urias à morte e tomasse Bate Seba por esposa,
ofendendo a Deus. O pecado ainda faz com que os irmãos na fé se
afastem do amor de Cristo e sigam por caminhos de obras, regras e
leis, onde eles mesmos acham que podem “salvar-se” sem ter de
agradecer a ninguém.
O mesmo pecado levou
o fariseu a desdenhar de Jesus, recebendo-o como um qualquer, quando
deveria estender todas as honras para um convidado ilustre, coisa que
a mulher arrependida fez. Ele também desdenhou da mulher e da sua
atitude, certamente se julgando muito melhor do que ela.
Este é o mesmo
pecado que ainda hoje nos impede de levantarmos os olhos para Deus,
para o vermos face a face, para o conhecermos perfeitamente. Nossos
olhos, lábios e vidas impuras nos impedem de amarmos a Deus como ele
deseja; impedem de perdoarmos o nosso próximo e de sentirmos
gratidão a Deus e o seu amor.
Então, diante de
nossa tamanha incapacidade, o que podemos fazer? Se o pecado é esta
mancha imensa, este muro intransponível entre nós e Deus, o que
fazer?
Esta é uma pergunta
errada. Não podemos fazer nada. Mas Deus faz por nós!
A Davi, caído em
pecado, Deus enviou o profeta Natã, que anunciou o juízo do Senhor.
Diante do arrependimento do rei ele anunciou o perdão divino: “Deus
perdoou o teu pecado”.
Deus enviou aos
cristãos da Galácia o apóstolo Paulo com o propósito de
reconduzi-los ao caminho da justificação pela fé em Cristo, o
nosso Senhor, anunciando que a Lei não salva, mas aponta para o amor
do Senhor. “Assim já não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em
mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de
Deus”.
O próprio Deus
estava presente para anunciar à mulher na casa do fariseu: “Os
teus pecados estão perdoados”.
Este é o Deus
Triúno, que se revela ainda hoje como um Deus que perdoa, que ama,
que salva e que vem ao encontro dos seus filhos, mesmo que esses
estejam perdidos e incapacitados de lhe amar por causa do pecado.
Este é o Deus em
quem nós cremos. E diante do anúncio do amor que ele tem por nós,
nossa única reação é de arrependimento pelo pecado cometido, fé
nas suas palavras e promessas e gratidão por tanto amor imerecido!
Quando Cristo fala
nós percebemos a grandeza do que significa perdoar e compreendermos
– ainda que por meio de um vislumbre – a imensidão do amor
divino do Pai.
Não seria
maravilhoso se todos ouvissem e experimentassem este perdão? Será
que não teríamos muito mais gratidão no mundo? Afinal, se a
ingratidão vem do pecado, a gratidão vem do amor. E não ha maior
amor do que o que Deus tem por nós. Amém.
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